Introdução
O estudo da
liderança é de suma importância, principalmente, na época em que estamos
vivendo, a fim de ajudar o homem escolhido por Deus a ter sucesso em sua
missão. O desconhecimento deste magno assunto leva o líder cristão a incorrer
em erros e problemas que poderiam ser evitados, caso fossem tratados de acordo
com as técnicas de liderança conhecidas nos livros que versam sobre o assunto.
Neste artigo,
abriremos uma janela por onde poderemos descortinar a possibilidade de
melhorarmos o exercício da liderança no meio do povo de Deus.
Diante disto,
na janela aberta, descortinaremos as fases macros da liderança cristã :
- A Chamada
para a Liderança
- A Capacitação
para a Liderança
- A Definição
do Espaço da Liderança
- O Exercício
da Liderança
- Recompensa da Liderança.
O
aprofundamento do assunto, caso se deseje, deverá ser buscado nos livros que
tratam do assunto, existentes no mercado e aos pés do Senhor em oração.
Antes de
desenvolvermos sucintamente as fases da liderança cristã, é conveniente
fazermos conhecidas dois conceitos sobre Liderança :
a) Liderança
Natural : “Pode ser definida como sendo aquela qualidade num homem, que inspira
suficiente confiança a seus comandados de modo a aceitarem suas idéias e
obedecerem ao seu comando”.
b) Liderança
Cristã : “É uma vocação em que há uma perfeita mistura de qualidades humanas e
divinas, ou um trabalho harmonioso entre o homem e Deus destinado ao ministério
e bênção das demais pessoas”.
Nas definições
de Liderança constantes dos Manuais de Administração é comum encontrarmos as
expressões :
“ser aceito e respeitado pelo grupo”, “Capacidade de unir e manter
coeso o grupo”; “Manter um bom relacionamento com o grupo”; “Identificação com
o grupo”; “Levar o grupo a consecução dos objetivos”; “Influenciar”; “Inspirar
confiança”, etc.
1) A Chamada para a Liderança
“Paulo chamado
pela vontade de Deus, para ser apóstolo de Jesus Cristo…” 1 Co 1.1
A Chamada da
genuína liderança cristã vem exclusivamente de Deus. Na obra de Deus ninguém
deve querer levantar-se a si mesmo como líder, isto é o que entendemos
estudando a Bíblia Sagrada. O Senhor, segundo o beneplácito de Sua Soberana
Vontade, tem escolhido e chamado pessoas, de ambos os sexos, para exercerem
atividade de Liderança no meio da Igreja.
Para consolidar o assunto, mostraremos alguns versículos
bíblicos :
“Veio a mim a
Palavra do Senhor dizendo: antes que eu te formasse no ventre, te conheci e
antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta”, Jr
1.4, 5.
“Mas quando
aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe separou, e me chamou pela Sua
graça” Gl 1.15.
“Jesus subiu a
um monte, e chamou os que ele quis…” Mc 3.13.
“Paulo, servo
Jesus Cristo, chamado para apostolo, separado para o Evangelho de Deus” Rm 1.1.
A Chamada
eficaz para a liderança alcança o salvo onde e quando Deus achar conveniente.
Com Paulo, foi na estrada de Damasco quando ia perseguindo a
Igreja do Senhor. Com Moisés, foi no monte Horebe na visão da sarça ardente.
Com Samuel, foi na Casa do Senhor. Com Pedro, André, Tiago e João foram às
margens do Mar da Galiléia. Com Mateus, foi no local onde ele trabalhava, e
assim por diante.
Entendendo que
a Chamada é divina, nós devemos orar como Jesus ensinou em Lucas 10.2, para que
Deus envie obreiros para a Sua Seara, ou seja, levante lideranças firmes,
vocacionadas e eficazes para o Seu trabalho.
2) A Capacitação para a Liderança
“… Mas a nossa
capacidade vem de Deus” 2 Co 3.5
As pessoas
chamadas por Deus para exercerem a atividade de liderança são por Ele
capacitadas para a executarem a contento. Deus, quando chama, se responsabiliza
para capacitar a pessoa. A capacitação, segundo o propósito divino, é de acordo
com a atividade de liderança que o Senhor tem designado para o seu servo. A
Bíblia diz que quando o Senhor distribuiu os talentos deu a cada um segundo a
sua capacidade (Mt 25.15). Referindo-se aos dons carismáticos, Paulo diz que o
Espírito Santo os distribui particularmente a cada um como quer (1 Co 12.11).
Entendemos por estes e outros textos bíblicos que a capacitação de Deus pode
diferir de uma pessoa para outra. Deus, quando chamou a Moisés, o capacitou poderosamente
para a grande tarefa que queria que ele realizasse: Tirar Israel do Egito e
conduzi-lo até a terra da promessa. A capacitação de Moisés, como a de Paulo,
começou muito antes da experiência de conversão. Moisés, no Egito, foi
instruído em toda a ciência e sabedoria daquele grande povo (At 7.22). Paulo,
nascido em Tarso, foi instruído aos pés de Gamaliel em Jerusalém, uns dos
maiores mestres do seu tempo, (At 22.3). A capacitação de Moisés continuou no
deserto de Midiã, pastoreando o rebanho de Jetro, seu sogro, e culminou com a
concessão do poder de Deus, na experiência da sarça ardente, no Monte Horebe. A
de Paulo continuou na estrada de Damasco, quando daquela experiência em que
ouviu a voz do Senhor e viu a Sua luz e culminou naquela cidade quando foi
cheio do Espírito Santo, após receber a imposição de mãos de Ananias. Tanto
Paulo como Moisés foram capacitados por Deus para o exercício dos seus
respectivos ministérios. Foram capacitados com profundo
conhecimento humano, capacitados com um profundo
conhecimento das Sagradas Escrituras e com concessão do poder de Deus.
Como em toda a
Bíblia se percebe, as áreas da soberania divina e da responsabilidade humana
andam juntas. Devemos entender que nessa área de capacitação a mesma coisa deve
ser considerada. Deus tem feito Sua parte e nós também devemos fazer a nossa,
no que se refere à capacitação. Para isso temos que dedicar mais tempo a
oração, ao estudo da Palavra de Deus, a termos humildade de aprendermos como os
nossos erros e com os dos outros e dedicarmos mais tempo a leitura em geral,
especialmente, desse precioso assunto.
3) A Definição do Espaço da Liderança
“Mas, agora,
Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis” 1 Co 12.18
Diante do que
já vimos desenvolvendo, começamos a perceber que o Deus que chama e capacita,
define também o espaço para que o seu servo exercite a atividade de liderança.
É o que chamamos do homem certo no lugar certo. Se um homem foi chamado e
capacitado para ser um Evangelista jamais será eficaz como Pastor. A mesma
coisa acontece com um Pastor. Ele pode fazer a obra de um Evangelista como
orientou Paulo a Timóteo (2 Tm 4.5), mas não será tão eficaz quanto um homem
chamado para ser Evangelista. Um Evangelista só vê diante de si uma necessidade
que é a de salvar almas, e, na propagação do Evangelho, ele é altamente eficaz.
Já o Pastor tem a grande responsabilidade de pastorear as pessoas que já
encontraram a salvação em Cristo Jesus.
A questão de
definição de espaço é muito importante. Somente dentro do espaço reservado por
Deus é que seremos líderes eficazes. A dificuldade que João marcos, sobrinho de
Barnabé, sentiu foi a de justamente não ter sido chamado por Deus para ocupar o
espaço na Obra Missionária da Igreja de Antioquia. O Espírito Santo tinha
separado Barnabé e Paulo e não João Marcos. O resultado todos nós conhecemos,
inclusive sendo ele a causa da separação daqueles dois grandes servos de Deus
(At 13.1-5,13 e 15.36-39). Coré, Datã e Abirão sofreram duras conseqüências
quando tentaram ocupar o espaço da liderança não designado por Deus. (Nm
16.1-3). O Caso de Saul, primeiro rei de Israel, mostra um líder querendo
ocupar o espaço designado por Deus para outro líder (1 Sm 13.8-13). Também para
ele a conseqüência não foi boa.
Assim como
Paulo que tinha consciência do espaço reservado por Deus para o seu ministério
(Gl 2.7,8), assim também devemos ter certeza do lugar onde Deus quer que
desenvolvamos a nossa capacidade de liderança. Isto é possível se buscarmos a
vontade de Deus para nossas vidas (Rm 12.1, 2; Ef 5.17).
4) O Exercício da Liderança
“Contanto que
cumpra, com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor
Jesus”. At 20.24
Chamado, capacitado e ocupando o espaço definido por Deus,
começa o líder a exercer a sua atividade de liderança sob a bênção do
Todo-Poderoso. Os frutos serão abundantes na medida em que ele for sendo fiel
ao Senhor. Foi assim com Paulo, com Moisés, com Davi, com
Salomão e com inúmeros servos de Deus ao longo da história
bíblica e também da Igreja. Vejamos apenas um exemplo que foi o de Paulo.
“Servindo eles
ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo : apartai-me a Barnabé e a Paulo
para a obra que os tenho chamado. Então depois de jejuarem e orarem, impuseram
sobre eles as mãos e os despediram. Assim, enviados pelo Espírito Santo…” At
13.2-4.
Chamado,
capacitado, ocupando o espaço de Deus reservado para ele, vai agora Paulo
confiante exercer o seu ministério, no caso, a sua primeira viagem missionária.
Depois de executar aquela obra voltou para Antioquia, onde tinha sido
recomendado à graça de Deus, juntamente com o seu companheiro Barnabé para a
obra que acabara de realizar.
“… Quando
chegaram reuniram a Igreja, relataram quão grandes coisas o Senhor fizera por
eles, e como abrira as portas aos gentios”. At 14.26, 27.
Escrevendo a
Timóteo, o Apóstolo Paulo lembra ao jovem líder a necessidade de, no espaço
definido por Deus, cumprir o ministério para o qual fora chamado.
“… Cumpre o teu
ministério”. 2 Tm 4.5.
É bom lembrar
que no exercício da liderança surgem muitas lutas e problemas. Em nossa
opinião, uma das maiores dificuldades que o líder cristão vai enfrentar é
consigo mesmo, principalmente se ele tiver características autocráticas.
Certamente, sentirá grandes dificuldades em delegar autoridade para que outros
executem alguma tarefa. Terá dificuldade de trabalhar em equipe, de envolver a
Igreja ou o grupo com uma metodologia de trabalho democrática. Sentirá também
dificuldade de conviver harmoniosamente com outras lideranças, e assim por
diante.
Acreditamos
que, pensando nessa tendência do líder autocrático querer dominar e controlar
tudo é que o Espírito Santo usando a instrumentalidade de Pedro diz :
“Aos
presbíteros que estão entre vós, admoesto eu… Apascentai o rebanho de Deus, que
está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por
torpe ganância, mas de boa vontade; não como dominadores dos que vos foram
confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho”. 1 Pe 5.1-3.
5) A Recompensa da Liderança
“… E, se alguém me servir, meu Pai o
honrará”. Jo 12.26
Sabemos pelas
Sagradas Escrituras que o trabalho cristão tem sua recompensa determinada por
Deus. Escrevendo aos Coríntios. Paulo diz :
“Portanto,
amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na Obra do Senhor,
sabendo que, no Senhor Jesus Cristo o vosso trabalho não é vão” 1 Co 15.58.
O nosso Senhor
Jesus Cristo falou também sobre uma recompensa designada por Deus para aqueles
que o servem fielmente :
“E todo aquele que
tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terra,
por causa do meu nome, receberá cem vezes, herdará a vida eterna” Mt 19.29.
O apóstolo
Paulo tinha uma convicção profunda sobre a recompensa que iria receber do
Senhor;
“Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me
está guardada, a qual o Senhor justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” 2 Tm 4.7, 8.
O apóstolo
Pedro também feriu o assunto quando disse :
“… e quando se
manifestar o sumo Pastor recebereis a imarcescível coroa de glória” 1 Pe 5.1-4.
No livro do
profeta Daniel, encontramos uma palavra dita pelo Senhor sobre o assunto àquele
servo Seu :
“Tu, porém, vai
até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte no fim dos dias” Dn 12.13.
Para àqueles
líderes que desempenharam bem o seu papel, certamente receberão do Senhor a
recompensa devida, conforme as promessas registradas em Sua Santa Palavra.
Acreditamos que o líder deve trabalhar para Deus não visando uma recompensa e
sim por gratidão. A recompensa é uma conseqüência natural de um bom trabalho.
Deus é fiel e dará a cada um segundo a sua obra.
Conclusão
Temos visto que
para se ter sucesso na vida cristã, como líder, a pessoa tem que ter sido
chamada e capacitada por Deus, tem que ter de maneira bem clara, em seu
coração, a noção do espaço de liderança definido por Deus, tem que estar
trabalhando sob a direção divina e ter confiança nas promessas recompensadoras
do Senhor.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
Ministro Congregacional da ALIANÇA
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