Está escrito que Deus, ao completar a obra da
criação, declarou que tudo era "muito bom".
Observando, mesmo
ligeiramente, chegamos à convicção de que muitas coisas que
agora existem não são boas
— O mal, a impiedade, a opressão, a
luta, a guerra, a morte, e o sofrimento.
E naturalmente surge a
pergunta : Como entrou o mal no mundo ?
— Pergunta que tem
deixado perplexos muitos pensadores.
A Bíblia oferece a resposta
de Deus; ainda mais, informa-nos o que o pecado realmente é;
melhor ainda, apresenta-nos o remédio para o pecado.
I. O FATO DO PECADO
Não há necessidade de discutir a questão da realidade do
pecado; a história e o próprio conhecimento intimo do homem
oferecem abundante testemunho do fato. Muitas teorias, porém,
apareceram para negar, desculpar, ou diminuir a natureza do
pecado.
1. O ATEÍSMO - Ao negar a Deus, nega também o pecado,
porque, estritamente falando, todo pecado é contra Deus; e se não
há Deus, não há pecado.
O homem pode ser culpado de pecar em
relação a outros; pode pecar contra si mesmo, porém estas
coisas constituem pecado unicamente em relação a Deus.
Enfim,
todo mal praticado é dirigido contra Deus, porque o mal é uma
violação do direito, e o direito é a lei de Deus.
"Pequei contra o céu
e perante ti", exclamou o pródigo.
Portanto, o homem necessita
do perdão baseado em uma provisão divina de expiação.
2. O DETERMINISMO - É a teoria que afirma ser o livre arbítrio
uma ilusão e não uma realidade. Nós imaginamos que somos
livres para fazer nossa escolha, porém realmente nossas opções
são ditadas por impulsos internos e circunstâncias que escaparam
ao nosso domínio. A fumaça que sai pela chaminé parece estar
livre, porém se esvai por leis inexoráveis. Sendo assim —
continua essa teoria, — uma pessoa não pode deixar de atuar da
maneira como o faz, e estritamente falando, não deve ser louvada por ser boa nem culpada por ser má. O homem é simplesmente um
escravo das circunstâncias.
Mas as Escrituras afirmam
terminantemente que o homem é livre para escolher entre o bem e
o mal — uma liberdade implícita em todos os mandamentos e
exortações.
Longe de ser vítima da fatalidade e casualidade,
declara-se que o homem é o árbitro do seu próprio destino.
Durante uma discussão sobre a questão do livre arbítrio, o Dr.
Johnson, notável autor e erudito inglês, declarou: "Cavalheiro,
sabemos que nossa vontade é livre, e isto é tudo que há
no assunto !" Cada grama de bom senso excede em peso a uma
tonelada de filosofia ! Uma conseqüência prática do determinismo é
tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o
pecador merece dó ao invés de ser castigado. Porém, a voz da
consciência que diz "eu devo" refuta essa teoria.
3. O HEDONISMO (da palavra grega que significa "prazer") - É a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe
na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a
primeira pergunta que se faz não é : "Isto e correto ?" Mas : "Traz
prazer ?"
Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a
tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo,
qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma
fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é
fogo da juventude".
Eles desculpam o pecado com expressões como
estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é
direito."
É sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de
"auto-expressão".
Em linguagem técnica, o homem deve "libertar
suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque
reprimi-la é prejudicial à saúde".
Naturalmente, isso muitas
vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas
esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse
liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja,
embriaguez ou alguma outra tendência similar.
No fundo dessa
teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a
linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado.
Representa
uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás."
E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga
pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança:
"Isto não te fará dano algum."
O bem é simbolizado pela alvura, e o
pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra.
A admoestação divina àqueles que
procuram confundir as distinções morais, é : "Ai daqueles que
chamam o mal bem, e o bem mal"
4. CIÊNCIA CRISTÃ - Esta seita nega a realidade do pecado.
Declara que o pecado não é algo positivo, mas simplesmente a
ausência do bem. Nega que o pecado tenha existência real e
afirmam que é apenas um "erro da mente moral".
O homem pensa
que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de
correção.
Mas, depois de examinar o pecado e a ruína que são
mais do que reais no mundo, parece que esse tal "erro da mente
mortal" é tão terrível como aquilo que toda gente conhece por
"pecado"!
As Escrituras denunciam o pecado como uma violação
positiva da lei de Deus, como uma verdadeira ofensa que merece
castigo real num inferno real.
5. A EVOLUÇÃO - Considera o pecado como herança do
animalismo primitivo do homem.
Desse modo em lugar de exortar
a gente a deixar o "homem velho", ou o "antigo Adão", os
proponentes dessa teoria deviam admoestá-los a que deixassem o
"velho macaco" ou o "velho tigre"!
Como já vimos, a teoria da
evolução é antibíblica. Alem disso, os animais não pecam; eles
vivem segundo sua natureza, e não experimentam nenhum sentido
de culpa por seu comportamento.
O Dr. Leander Keyser comenta :
"Se a luta egoísta e sangrenta pela existência no reino animal for o
método de progresso que trouxe o homem à existência, por que
deverá ser um mal que o homem continue nessa rota sangrenta ?"
ORIGEM DO MAL
O problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da Teologia. É um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os homens.
Como podemos então explicar o relacionamento entre Deus e o mal ? Alguns afirmam o mal e negam a realidade de Deus (Ateísmo). Outros afirmam a Deus e negam a realidade do mal Panteísmo). Outros, no entanto, procuram afirmar um em oposição eterna com o outro (Dualismo).
Já o Teísmo explica o relacionamento entre Deus e o mal com um Deus infinitamente bom e poderoso que permitiu o mal para produzir um bem maior. Ou seja, esse mundo livre é a melhor maneira de produzir o melhor mundo.
Deus não é o autor do mal. Ele livremente criou o mundo, não porque precisava fazê-lo, mas sim, porque desejava criar. Deus criou criaturas semelhantes a Ele mesmo, que poderiam amá-lo livremente. No entanto, essas criaturas poderiam também odiá-lo. Ele deseja que todos os homens o amem, mas não forçará nenhum deles a amá-lo contra sua vontade.
Deus persuadirá os homens a amá-lo tanto quanto for possível. Ele outorgará àqueles que não querem amá-lo a escolha livre deles eternamente (ou seja, o inferno). Finalmente, o amor de Deus é engrandecido quando retribuímos seu amor (visto que primeiramente nos amou), bem como quando não o retribuímos. Ele demonstra assim quão grandioso Ele é amando até mesmo aqueles que O odeiam.
No final, Deus terá compartilhado Seu amor com todos os homens. Ele terá salvo tantos quanto podia salvar sem violar o livre arbítrio dos homens.
John W. Wenham afirma : “A devoção de um ser livre é de um nível mais elevado... A outorga de liberdade de escolha ao homem envolve a possibilidade (na presciência de Deus envolve certeza) de pecar, com todas suas horríveis consequências.
Todavia, parece que esta liberdade foi um pré-requisito para um conhecimento profundo de Deus. A devoção de um ser livre e racional é de um nível mais elevado e mais bela do que a de um animal, muito embora o amor entre os seres humanos e os animais possa ser notável.
Entretanto, esta liberdade humana envolve a possibilidade de crueldade, imoralidade, ódio, e guerra... todavia, apesar de todas essas coisas, nenhum homem convertido desejaria mudar sua situação para a de um animal ou de uma máquina.
DADOS BÍBLICOS A RESPEITO DA ORIGEM DO PECADO
Na escritura, o mal moral existente no mundo, transparece claramente no pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus.
NÃO SE PODE CONSIDERAR DEUS COMO O SEU AUTOR.
O decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Esta ideia é claramente excluída pela Escritura.
Longe de Deus o praticar ele a perversidade e do Todo-poderoso o cometer injustiça... (Jó 34:10). Ele é o Santo Deus... (Isaías 6:3). Ele não pode ser tentado pelo mal e ele próprio não tenta a ninguém... (Tiago 1:13). Quando criou o homem, criou-o bom e à sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado, (Deuteronômio 25:16, Salmos 5:4 , 11:5 , Zacarias 8:17 , Lucas 16:15) e em Cristo fez provisão para libertar do pecado do homem.
O PECADO SE ORIGINOU NO MUNDO ANGÉLI CORÍNTIOS
A Bíblia nos ensina que na tentativa de investigar a origem do pecado devemos retornar à queda do homem, na descrição de Gênesis 3 e fixar a atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador, (Gênesis 1:31).
Mas ocorreu uma queda no mundo angélico, queda na qual legiões de anjos se apartaram de Deus (Ezequiel 28:15; Ezequiel 23:13 – 17; Isaías 14:12 – 15). A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em (João 8:44) Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio e em (I João 3:8 ) diz: o Diabo peca desde o princípio.
A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA
Com respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O tentador veio do mundo dos espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em oposição a Deus, poderia tornar-se semelhante a Deus.
Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que dada a solidariedade da raça humana, teria efeitos não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes.
Como resultado da queda, o pai da raça só pode transmitir uma natureza depravada aos pósteros. Dessa fonte não Santa o pecado fluí numa corrente impura passando para todas as gerações de homens corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó: “Quem da imundície poderá tirar cousa pura ? Ninguém” (Jó 14:4). Adão pecou não somente como pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descendentes, e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são possíveis de punição e morte. É primariamente nesse sentido que o Pecado de Adão é o pecado de todos. É o que Paulo ensina em Romanos 5:12). “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”
Adão era o representante de toda a raça. Adão pecou, e como representante transmitiu seu pecado a toda raça (Oseias 6:7). Adão continha nele toda a posteridade da raça, por isso, o seu pecado foi imputado a todos, porque todos estavam em Adão.
Por causa do pecado de Adão a culpa foi imputada imediatamente à raça humana, e por sermos da mesma raça de Adão a natureza pecaminosa é transmitida por “hereditariedade”.
Deus atribui a todos os homens a condição de pecadores, culpados em Adão, exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; assim também por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.” Romanos 5:18,19).
O primeiro homem desobedeceu à vontade de Deus, e trouxe sobre si e sobre todos os seus descendentes as consequências da sua desobediência. Aquele estado de comunhão perfeita entre Deus e o homem foi quebrado, formando uma barreira (pecado) entre a criatura e o criador.
O terceiro capítulo de Gênesis oferece os pontos chaves que caracterizam a história espiritual do homem, as quais são: A tentação, a culpa, o juízo e a redenção.
1. A TENTAÇÃO : Sua possibilidade, origem e sutileza.
(a) A possibilidade da tentação.
O segundo capítulo de
Gênesis relata o fato da queda do homem, informando acerca do
primeiro lar do homem, sua inteligência, seu serviço no Jardim no
Éden, as duas árvores, e o primeiro matrimônio.
Menciona
especialmente as duas árvores do destino
— a árvore da ciência do
bem e do mal e a árvore da vida.
Essas duas árvores constituem
um sermão em forma de quadro dizendo constantemente a nossos
primeiros pais :
"Se seguirdes o bem e rejeitardes o mal, tereis a
vida."
E não é esta realmente a essência do Caminho da Vida
encontrada através das Escrituras ? (Vide Deut. 30:15.)
Notemos a
árvore proibida. Por que foi colocada ali ?
Para prover um teste pelo
qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a
Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o
homem teria sido meramente uma máquina.
(b) A origem da tentação.
"Ora, a serpente era mais astuta
que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito."
É razoável deduzir que a serpente, que naquele tempo deveria
ter sido uma criatura formosa, foi o agente empregado por
Satanás, o qual já tinha sido lançado fora do céu antes da criação
do homem. (Ezeq. 23:13-17; Isa. 14:12-15.) Por essa razão,
Satanás é descrito como "essa antiga serpente, chamada o diabo"
(Apoc. 12:9).
Geralmente Satanás trabalha por meio de agentes.
Quando Pedro (embora sem má intenção) procurou dissuadir seu
Mestre da senda do dever, Jesus olhou além de Pedro, e disse,
"Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16:22,23). Neste caso Satanás
trabalhou por meio de um dos amigos de Jesus; no Éden
empregou a serpente, uma criatura da qual Eva não desconfiava.
(c) A sutileza da tentação.
A sutileza é mencionada
como característica distintiva da serpente. (Vide Mat. 10:16.)
Com grande astúcia ela oferece sugestões, as quais, ao serem
abraçadas, abrem caminho a desejos e atos pecaminosos.
Ela
começa falando com a mulher, o vaso mais frágil, que, além dessa
circunstância, não tinha ouvido diretamente a proibição divina. (Gên. 2:16, 17.)
E ela espera até que Eva esteja só. Note-se a
astúcia na aproximação.
Ela torce as palavras de Deus (Vide Gén.
3:1 e 2:16, 17) e então finge surpresa por estarem assim torcidas;
dessa maneira ela, astutamente, semeia dúvida e suspeitas
no coração da ingênua mulher, e ao mesmo tempo insinua que
está bem qualificada para ser juiz quanto à justiça de tal proibição.
Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca
de Deus.
1) Dúvida sobre a bondade de Deus.
Ela diz, com efeito :
"Deus está retendo alguma bênção de ti."
2) Dúvida sobre a retidão de Deus.
"Certamente não
morrereis." Isto é, "Deus não pretendia dizer o que disse".
3) Dúvida sobre a santidade de Deus.
No versículo 5 a
serpente diz, com efeito : "Deus vos proibiu comer da árvore porque
tem inveja de vos. Não quer que chegueis a ser sábios tanto quanto
ele, de modo que vos mantém em ignorância. Não é porque ele se
interesse por vós, para salvar-vos da morte, e sim por interesse
dele, para impedir que chegueis a ser semelhantes a ele."
2. A CULPA
Notemos as evidências de uma consciência culpada :
1) "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram
que estavam nus."
Expressão usada para indicar esclarecimento
milagroso ou repentino. (Gên. 21:19; 2 Reis. 6:17.)
As palavras da
serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o conhecimento
adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-los
semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de
culpa que os fez ter medo de Deus.
Notemos que a nudez física é
um quadro de uma consciência nua ou culpada.
Os distúrbios
emocionais refletem-se muitas vezes em nossas feições.
Alguns
comentadores sustentam que antes da queda, Adão e Eva estavam
vestidos com uma auréola ou traje de luz, que era um sinal da
comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo.
Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu
o espírito, e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito
(Rom. 7:14-24), que tem sido a causa de tanta miséria.
2) "E coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais."
Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da
mesma maneira, o procurar cobrir a nudez é um quadro que
representa o homem a procurar cobrir sua culpa com a
indumentária do esquecimento ou o traje das desculpas. Mas,
somente uma veste feita por Deus pode cobrir o pecado (Verso 21).
3) "E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim
pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença
do Senhor Deus entre as árvores do jardim."
O instinto do homem
culpado é fugir de Deus. E assim como Adão e Eva procuraram
esconder-se entre as árvores, da mesma forma as pessoas hoje em
dia procuram esconder-se nos prazeres e em outras atividades.
3. O JUÍZO
(a) Sobre a serpente.
"Porquanto fizeste isto, maldita
serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do
campo; sobre o teu ventre andarás, e o pó comerás todos os dias
da tua vida."
Essas palavras implicam que a serpente outrora foi
uma criatura formosa e honrada.
Depois, porque veio a ser o
instrumento para a queda do homem, tomou-se maldita e
degradada na escala da criação animal.
Uma vez que a serpente foi
simplesmente o instrumento de Satanás, por que deve ser punida ?
Porque é a vontade de Deus fazer da maldição da serpente um tipo
e profecia da maldição sobre o diabo e sobre todos os poderes do
mal.
O homem deve reconhecer, pelo castigo da serpente, como a
maldição de Deus ferirá todo pecado e maldade.
Arrastando-se no
pó recordaria ao homem o dia em que Deus derribará até ao pó, o
poder do diabo.
Isso é um estimulo para o homem : Ele, o tentado,
está em pé, erguido, enquanto a serpente está sob a maldição.
Pela
graça de Deus o homem pode ferir-lhe a cabeça — pode vencer o
mal. (Vide Luc. 10:18; Rom. 16:20; Apoc. 12:9; 20:1-3, 10.)
(b) Sobre a mulher.
"E à mulher disse : Multiplicarei
grandemente a tua dor e a tua concepção; com dor terás filhos; e o
teu desejo será para teu marido, e ele te dominará" (Gên. 3:16).
Assim disse certo escritor : A presença do pecado tem sido a causa
de muito sofrimento, precisamente do modo indicado acima. Não
há dúvida que dar à luz filhos constitui um momento critico e penoso na vida da mulher. O sentimento de faltas passadas pesa
de uma maneira particular sobre ela, e também a crueldade e
loucura do homem contribuíram para fazer o processo mais
doloroso e perigoso para a mulher do que para os animais.
O
pecado tem corrompido todas as relações da vida, e
mui particularmente a relação matrimonial. Em muitos países a
mulher é praticamente escrava do homem; a posição e a condição
triste de meninas viúvas e meninas mães na Índia têm sido um
fato horrível em cumprimento dessa maldição.
(c) Sobre o homem. (Versos 17-19.)
O trabalho para o homem
já tinha sido designado (2:15).
O castigo consiste no afã,
nas decepções e aflições que muitas vezes acompanham o
trabalho.
A agricultura é especificada em particular, porque
sempre tem sido um dos empregos humanos mais necessários.
De
alguma maneira misteriosa, a terra e a criação em geral têm
participado da maldição e da queda do seu senhor (o homem)
porém estão destinadas a participar da sua redenção. Este é o
pensamento de Rom. 8:19-23. Em Isaías 11:1-9 e 65:17-25, temos
exemplos de versículos que predizem a remoção da maldição da
terra durante o Milênio.
Além da maldição física que se apossou da
terra, também é certo que o capricho e o pecado humanos têm
dificultado de muitas maneiras o labor e provocado as condições
de trabalho mais difíceis e mais duras para o homem.
Notemos a
pena de morte. "Porquanto és pó, e em pó te tornarás."
O homem
foi criado capaz de não morrer fisicamente; teria existência física
indefinidamente se tivesse preservado sua inocência e continuasse
a comer da árvore da vida. Ainda que volte à comunhão com Deus
(e dessa maneira vença a morte espiritual) por meio do
arrependimento e da oração, não obstante, deve voltar ao seu
Criador através da morte. Visto que a morte faz parte da pena do
pecado, a salvação completa deve incluir a ressurreição do corpo,
(1 Cor. 15:54-57.) não obstante, certas pessoas, como Enoque,
terão o privilégio de escapar da morte física. (Gên. 5:24; 1 Cor.
15:51.)
4. A REDENÇÃO
Os três primeiros capítulos de Gênesis contêm as três
revelações de Deus, que por toda a Bíblia figuram em todas as relações de Deus com o homem.
O Criador, que trouxe tudo à
existência (cap. 1)
O Deus do Pacto que entra em relações pessoais
com o homem (cap. 2).
O Redentor, que faz provisão para a
restauração do homem (cap. 3).
(a) Prometida. (Vide Gên. 3:15.)
(1) A serpente procurou
fazer aliança com Eva contra Deus, mas Deus pois fim a essa
aliança. "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua
semente (descendentes) e a sua semente." Em outras palavras,
haverá uma luta constante entre o homem e o poder maligno que
causou a sua queda.
(2) Qual será o resultado desse conflito ?
Primeiro, vitória para a humanidade, por meio do Representante
do homem, a Semente da mulher. "Ela (a semente da mulher) te
ferirá a cabeça." Cristo, a Semente da mulher, veio ao mundo para
esmagar o poder do diabo. (Mat. 1:23, 25; Luc. 1:31-35,76; Isa.
7:14; Gál. 4:4; Rom. 16:20; Col. 2:15; Heb. 2:14,15; 1 João 3:8;
5:5; Apoc. 12:7, 8, 17; 20:1-3, 10.)
(3) Porém a vitória não será
sem sofrimento. "E tu (a serpente) lhe ferirás o calcanhar."
No Calvário a Serpente feriu o calcanhar da Semente da mulher;
mas este ferimento trouxe a cura para a humanidade. (Vide Isa.
53:3,4,12; Dan. 9:26; Mat. 4:1-10; Luc. 22:39-14,53; João 12:31-
33; 14:30,31; Heb. 2:18; 5:7; Apoc. 2:10.)
(b) Prefigurada. (Verso 21.)
Deus matou um animal, uma
criatura inocente, para poder vestir aqueles que se sentiam
nus ante a sua vista por causa do pecado.
Do mesmo modo, o Pai
deu seu Filho, o Inocente, à morte, a fim de prover uma
cobertura expiatória para as almas dos homens.
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