A NATUREZA DO HOMEM : ESPÍRITO, ALMA E CORPO
A TRI-UNIDADE HUMANA - Segundo Gên. 2:7, o homem se compõe de duas substâncias
— a substância material, chamada corpo, e a substância imaterial,
chamada alma.
A alma é a vida do corpo e quando a alma se retira
o corpo morre.
A ideia
de que o homem é composto de duas partes chama-se dicotomia.
Mas, segundo 1 Tess. 5:23 e Heb. 4:12, o homem se
compõe de três substâncias — espírito, alma e corpo.
Alguns
estudantes da bíblia defendem essa opinião de três partes da
constituição humana versus doutrina de duas partes apenas,
adotada por outros. Ambas as opiniões são corretas quando bem
compreendidas.
A concepção de que o homem é constituído de três partes chama-se tricotomia.
O espírito e a alma representam os dois lados da
substância não-física do homem; ou, em outras palavras, o espírito
e a alma representam os dois lados da natureza espiritual.
Embora
distintos, o espírito e a alma são inseparáveis, são entrosados um
no outro.
Por estarem tão interligados, as palavras "espírito" e
"alma" muitas vezes se confundem (Ecl. 12:7; Apoc. 6:9);
de maneira que em um trecho a substância espiritual do homem
se descreve como a alma (Mat. 10:28), e em outra passagem como
espírito (Tia. 2:26).
Embora muitas vezes os termos sejam usados
alternativamente, têm significados distintos. Por exemplo :
"A alma"
é o homem como o vemos em relação a esta vida atual. As pessoas
falecidas descrevem-se como "almas" quando o escritor se refere à
sua vida anterior. (Apoc. 6:9, 10; 20:4.)
"O espírito" é a descrição
comum daqueles que passaram para a outra vida. (Atos 23:9; 7:59;
Heb. 12:23; Luc. 23:46; 1 Ped. 3:19.)
Quando alguém for
"arrebatado" temporariamente fora do corpo (2 Cor. 12:2) se
descreve como "estando no espírito".(Apoc. 4:2; 17:3.)
Sendo o
homem "espírito", é capaz de ter conhecimento de Deus
e comunhão com ele; sendo "alma", ele tem conhecimento de si
próprio; sendo "corpo", tem, através dos sentidos, conhecimento do
mundo. — Scofield.
O ESPÍRITO HUMANO
Habitando a carne humana, existe o espírito dado por Deus
em forma individual. (Num. 16:22; 27:16.)
O Espírito foi formado
pelo Criador na parte interna da natureza do homem, capaz de
renovação e desenvolvimento. (Sal. 51:10.)
Esse espírito é o centro
e a fonte da vida humana; A alma possui e usa essa vida e lhe dá expressão por meio do corpo.
No princípio Deus soprou o espírito
de vida no corpo inanimado e o homem "foi feito alma vivente".
Assim a alma é um espírito encarnado, ou um espírito humano
que recebe expressão mediante o corpo. A combinação desses dois
elementos constitui o homem em "alma".
A alma sobrevive à morte
porque o espírito a dota de energia; no entanto, a alma e o espírito
são inseparáveis porque o espírito está entrosado e confunde-se
com a substância da alma.
O espírito é aquilo que faz o homem
diferente de todas as demais coisas criadas. é dotado de vida
humana (e inteligência, Prov. 20:27; Jo 32:8) que se distingue da
vida dos irracionais.
O espírito do homem, quando se torna morada do
Espírito de Deus (Rom. 8:16), é centro de adoração (João 4:23,24);
de oração, cântico, bênção (1 Cor. 14:15), e de serviço (Rom. 1:9;
Fil. 1:27).
O espírito humano, representando a natureza suprema
do homem, rege a qualidade de seu caráter.
Aquilo que domina o
espírito toma-se atributo de seu caráter.
Por exemplo, se o homem
permitir que o orgulho o domine, ele tem um "espírito altivo". (Prov.
16:18.)
Conforme as influências respectivas que o dominem, um
homem pode ter um espírito :
Perverso (Isa. 19:14); Um espírito
rebelde (Sal. 106:33); Um espírito impaciente (Prov. 14:29); Um
espírito perturbado (Gên.41:18); Um espírito contrito e humilde
(Isa. 57:15; Mat. 5:3). Pode estar sob um espírito de servidão (Rom.
8:15), ou ser impelido pelo espírito de inveja (Num.5:14).
Assim
é que o homem deve guardar o seu espírito (Mal. 2:15), Dominar
o seu espírito (Prov. 16:32), pelo arrependimento tornar-se um
novo espírito (Ezeq. 18:31) e confiar em Deus para transformar o
seu espírito (Ezeq. 11:19).
Quando as paixões vis exercerem o
domínio e a pessoa manifestar um espírito perverso, significa que a
alma (a vida egocêntrica ou vida natural) destronizou o espírito. O
espírito lutou e perdeu. O homem é vitima de seus sentimentos e
apetites naturais; e é "carnal". O espírito já não domina mais, e
essa impotência se descreve como um estado de morte. Dessa
maneira há necessidade de receber um espírito novo (Ezeq. 18:31;
Sal. 51:10); e somente aquele que originalmente soprou no corpo do homem o fôlego da vida poder soprar na alma do homem uma
nova vida espiritual — isto é, regenerá-lo. (João 3:8; 20:22; Gal.
3:10.) Quando assim sucede, o espírito do homem novamente
ocupa lugar de ascendência, e chega a ser homem "espiritual".
Entretanto, o espírito não pode viver de si mesmo, mas deve
buscar a renovação constante mediante o Espírito de Deus.
A ALMA DO HOMEM
(a) A NATUREZA DA ALMA
A alma é aquele princípio inteligente e
vivificante que anima o corpo humano, usando os sentidos
físicos como seus agentes na exploração das coisas materiais e os
órgãos do corpo para se expressar e comunicar-se com o mundo
exterior.
Originalmente a alma veio a existir em resultado do
sopro sobrenatural de Deus.
Podemos descrevê-la como espiritual
e vivente, porque opera por meio do corpo. No entanto, não
devemos crer que a alma seja parte de Deus, pois a alma peca. É
mais correto dizer que é dom e obra de Deus. (Zac. 12:1.)
Devem-se notar quatro distinções :
1. A alma distingue a vida humana e a vida dos irracionais
das coisas inanimadas e também da vida inconsciente como a
vegetal.
Tanto os homens como os irracionais possuem almas (em
Gên. 1:20, a palavra "vida" é "alma" no original). Poderíamos dizer
que as plantas têm alma (no sentido de um princípio de vida), mas
não é uma alma consciente.
2. A alma do homem o distingue dos irracionais.
A alma do homem é de
qualidade diferente sendo vivificada pelo espírito humano. Como
"toda carne não é a mesma carne", assim sucede com a alma;
existe alma humana e existe alma dos irracionais.
Evidentemente,
os homens fazem o que os irracionais não podem fazer, por muito
inteligentes que sejam; a sua inteligência é de instinto e não
proveniente de razão.
Tanto os homens como os irracionais
constroem casas. Mas o homem progrediu, vindo a construir
catedrais, escolas e arranha-céus, enquanto os animais inferiores
constroem suas casas hoje da mesma maneira como as
construíam quando Deus os criou.
Os irracionais podem guinchar (como o macaco), cantar (como o pássaro), falar (como
o papagaio); mas somente o homem produz a arte, a literatura, a
música e as invenções cientificas.
O instinto dos animais
pode manifestar a sabedoria do seu Criador, mas somente o
homem pode conhecer e adorar a seu Criador.
Para melhor ainda
ilustrar o lugar elevado que ocupa o homem na escala da vida,
vamos observar os quatro degraus da vida, que se elevam em
dignidade um sobre o outro, conforme a independência sobre a
matéria.
Primeiro, a vida vegetal, que necessita de órgãos materiais
para assimilar o alimento.
Segundo, a vida sensível, que usa os
órgãos para perceber as coisas materiais e ter contato com elas.
Terceiro, a vida intelectual, que percebe o significado das coisas
pela lógica, e não meramente pelos sentidos.
Quarto, a vida moral,
que concerne à lei e à conduta.
Os animais são dotados de vida
vegetativa e sensível; o homem é dotado de vida vegetativa,
sensível, intelectual e moral.
3. A alma distingue um homem de outro e dessa maneira
forma a base da individualidade - A palavra "alma" é, portanto,
usada freqüentemente no sentido de "pessoa".
Em Êxo. 1:5
"setenta almas" significa "setenta pessoas". Em Rom.13:1 "cada
alma" significa "cada pessoa". Atualmente dizemos, " não havia
nem uma alma presente", referindo-nos às pessoas.
4. A alma distingue o homem não somente das ordens
inferiores, mas também das ordens superiores dos anjos, porque
estes não têm corpos semelhantes aos dos homens.
O homem
tomou-se um "ser vivente", quer dizer, a alma enche um corpo
terreno sujeito às condições terrenas. Os anjos se descrevem como
espíritos (Heb. 1:14), porque não estão sujeitos às condições ou
limitações materiais. Por essa mesma razão se descreve Deus como
"Espírito". Mas os anjos são espíritos criados e finitos, enquanto
Deus é o Espírito eterno e infinito.
(b) A ORIGEM DA ALMA
Sabemos que a primeira alma veio a
existir como resultado de Deus ter soprado no homem o sopro de
vida. Mas como chegaram a existir as almas desde esse tempo ?
Os
estudantes da Bíblia se dividem em dois grupos de idéias
diferentes :
(1) Um grupo afirma que cada alma individual não vem
proveniente dos pais, mas sim pela criação Divina imediata. Citam
as seguintes escrituras: Isa. 57:16; Ecl. 12:7; Heb. 12:9; Zac. 12:1
(2) Outros pensam que a alma é transmitida pelos pais. Apontam o
fato de que a transmissão da natureza pecaminosa de Adão à
posteridade milita contra a criação divina de cada alma; também o
fato de que as características dos pais se transmitem à
descendência. Citam as seguintes passagens : João 1:13; 3:6; Rom.
5:12; 1 Cor.15:22; Efés. 2:3; Heb. 7:10.
A origem da alma pode
explicar-se pela cooperação tanto do Criador como dos pais.
No
princípio duma nova vida, a Divina criação e o uso criativo de
meios agem em cooperação.
O homem gera o homem em
cooperação com "o Pai dos espíritos".
O poder de Deus domina e
permeia o mundo (Atos 17:28; Heb. 1:3). De maneira que todas as
criaturas venham a ter existência segundo as leis que ele ordenou.
Portanto, os processos normais da reprodução humana põem em
execução as leis da vida fazendo com que a alma nasça no mundo.
A origem de todas as formas de vida está encoberta por um
véu de mistérios (Ecl. 11:5; Sal. 139:13-16; Jo 10:8-12), e esse
fato deve servir de aviso contra a especulação sobre as coisas
que estão além dos limites das declarações bíblicas.
(c) ALMA E CORPO
A relação da alma com o corpo pode ser
descrita e ilustrada da seguinte maneira :
1. A alma é a depositária da vida; ela figura em tudo que
pertence ao sustento, ao risco, e à perda da vida. É por isso que
em muitos casos a palavra "alma" tem sido traduzida "vida". (Vide
Gên. 9:5; 1 Reis 19:3; 2:23; Prov. 7:23; Êxo. 21:23,30; 30:12;
Atos 15:26.)
A vida é o entrosamento do corpo com a alma.
Quando a alma e o corpo se separam, o corpo não existe mais; o
que resta é apenas um grupo de partículas materiais num estado
de rápida decomposição.
2. A alma permeia e habita todas as partes do corpo e afeta
mais ou menos diretamente todos os seus membros. Este fato
explica por que as Escrituras atribuem sentimentos ao coração e
aos rins (Sal. 73:21; Jo 16:13; Lam. 3:13; Prov. 23:16; Sal. 16:7;
Jer. 12:2; Jo. 38:36); às entranhas (File. 12; Jer. 4:19; Lam. 1:20;
2:11; Cânt. dos Cânt. 5:4; Isa. 16:11); e ao ventre (Hab. 3:16; Jo
20:23; 15:35; João 7:38).
Esta mesma verdade, de que a alma
permeia o corpo, explica porque em muitas passagens se descreve
a alma executando atos corporais. (Prov. 13:4; Isa. 32:6; Num.
21:4; Jer. 16:16; Gên. 44:30; Ezeq. 23:17, 22, 28.)
"As partes internas" ou "entranhas" é a expressão que geralmente descreve o
entrosamento da alma com o corpo. (Isa. 16:11; Sal. 51:6; Zac.
12:1; Isa. 26:9; 1 Reis 3:28.)
Essas passagens descrevem as partes internas como o centro dos sentimentos, de experiência espiritual e de sabedoria. Mas notemos que não é o tecido material que pensa e sente, e, sim a alma operando por meio dos tecidos. Corretamente falando, não é o coração de carne, mas a alma, por meio do coração, que sente.
Essas passagens descrevem as partes internas como o centro dos sentimentos, de experiência espiritual e de sabedoria. Mas notemos que não é o tecido material que pensa e sente, e, sim a alma operando por meio dos tecidos. Corretamente falando, não é o coração de carne, mas a alma, por meio do coração, que sente.
3. Por meio do corpo a alma recebe suas impressões do
mundo exterior.
Essas impressões são percebidas por estes
sentidos : vista, audição, paladar, olfato e tato, e são transmitidas
ao cérebro por via do sistema nervoso. Por meio do cérebro a
alma elabora essas impressões pelos processos do intelecto, da
razão, da memória e da imaginação. A alma atua sobre essas
impressões enviando ordens às várias partes do corpo por via do
cérebro e do sistema nervoso.
4. A alma estabelece contato com o mundo por meio do corpo,
que é o instrumento da alma. O sentir, o pensar, o exercer vontade
e outros atos, são todos eles atividades da alma ou do "eu".
É
o "eu" que vê e não somente os olhos; é o "eu" que pensa e
não meramente o intelecto; é o "eu" que joga a bola e não
meramente o meu braço; é o "eu" que pede e não simplesmente a
língua ou os membros.
Quando um membro é ferido, a alma não
pode funcionar bem por meio dele; em caso de lesão cerebral pode
resultar a demência. A alma então passa a ser como um músico
com um instrumento danificado ou quebrado.
(d) A ALMA E O PECADO
A alma vive a sua vida natural através
dos instintos, termo que vamos empregar por falta de outro
melhor. Esses instintos são forças motrizes da personalidade, com
as quais o Criador dotou o homem para fazê-lo apto a uma
existência terrena (assim como o dotou de faculdades espirituais
para capacitá-lo a uma existência celestial). Chamamo-los
instintos porque são impulsos inatos, implantados na criatura a
fim de capacitá-la a fazer instintivamente o que é necessário para
originar e preservar a vida natural.
Assim escreve o Dr. Leander
Keyser: "Se no inicio de sua vida o infante humano não tivesse
certos instintos, não poderia sobreviver, mesmo com o melhor
cuidado paterno e médico." Vamos considerar os cinco instintos mais importantes.
O primeiro é o instinto da auto-preservação que
nos avisa de perigo e nos capacita a cuidar de nós mesmos.
O
segundo, é o instinto de aquisição (conseguir), que nos conduz a
adquirir as provisões para o sustento próprio.
O terceiro, é o
instinto da busca de alimento, o impulso que leva a satisfazer a
fome natural.
O quarto é o instinto da reprodução que conduz à
perpetuação da espécie.
O quinto, é o instinto de domínio que
conduz a exercer certa iniciativa própria necessária para o
desempenho da vocação e das responsabilidades.
O registro desses
dotes (ou instintos) do homem concedidos pelo Criador acha-se
nos primeiros dois capítulos de Gênesis.
O instinto de
autopreservação implica a proibição e o aviso: "Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal, dela não comerás porque no dia
em que dela comeres certamente morrerás."
O instinto de aquisição aparece no fato de ter Adão recebido da mão de Deus o lindo jardim do Éden.
O instinto da busca de alimento percebe-se nas palavras: "Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes, as quais se acham sobre a face de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente ser-vos-á para alimento."
Ao instinto de reprodução referem-se estas declarações: "Homem e mulher os criou." "Deus os abençoou e lhes disse: frutificai, multiplicai-vos."
O instinto de aquisição aparece no fato de ter Adão recebido da mão de Deus o lindo jardim do Éden.
O instinto da busca de alimento percebe-se nas palavras: "Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes, as quais se acham sobre a face de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente ser-vos-á para alimento."
Ao instinto de reprodução referem-se estas declarações: "Homem e mulher os criou." "Deus os abençoou e lhes disse: frutificai, multiplicai-vos."
Ao quinto instinto,
domínio, refere-se o mandamento: "Enchei a terra, e sujeitai-a;
dominai.
"Deus ordenou que as criaturas inferiores fossem governadas
primeiramente pelos instintos, mas o homem foi elevado à
dignidade de possuir o dom de livre arbítrio e a razão, com os
quais poderia disciplinar-se a si mesmo e tornar-se árbitro do seu
próprio destino.
Como guia para o regulamento das faculdades do
homem, Deus impôs uma lei. O entendimento do homem quanto a
essa lei produziu uma consciência, que significa literalmente "com
conhecimento".
Quando o homem deu ouvidos à lei, teve a
consciência esclarecida; Quando desobedeceu a Deus, sofreu, pois
a consciência o acusava.
No relato da tentação (Gên. 3) lemos
como o homem cedeu à concupiscência dos olhos, à cobiça da
carne, e à vaidade da vida. (1 João 2:16), e usou os seus poderes
de modo contrário à vontade de Deus.
A alma consciente e
voluntariamente, usou o corpo para pecar contra Deus.
Essa
combinação de alma pecaminosa e corpo humano constituem o
que se conhece como "o corpo do pecado" (Rom. 6:6), ou "a carne" (Gál. 5:24).
A inclinação e desejo da alma para usar o corpo dessa
maneira se descreve como a "mente carnal" (Rom. 8:7).
Visto que o homem pecou com o corpo, será julgado segundo
"o que fez por meio do corpo" (2 Cor. 5:10). Isso envolve uma
ressurreição. (João 5:28, 29.)
Quando a "carne" é condenada, a
referência não é ao corpo material (o elemento material não pode
pecar), mas ao corpo usado pela alma pecadora. É a alma que
peca. Ainda que a língua do difamador fosse cortada o difamador
seria o mesmo. Amputam-se as mãos do larápio, mas de coração
ele ainda seria ladrão.
Os impulsos pecaminosos da alma devem
ser extirpados; é essa a obra do Espírito Santo. (Vide Col. 3:5;
Rom. 8:13.)
"A carne" pode ser definida como a soma total dos
instintos do homem, não como vieram das mãos do Criador, e,
sim, como são na realidade, pervertidos e feitos anormais pelo
pecado. É a natureza humana na sua condição decaída,
enfraquecida e desorganizada pela herança racial derivada de Adão
e debilitada e pervertida por atos voluntários pecaminosos. Ela
representa a natureza humana não regenerada cujas fraquezas
freqüentemente se escusam com estas palavras: "Afinal de contas
a natureza humana é assim mesmo." é a aberração desses
instintos e faculdades dados por Deus que forma a base do pecado.
Por exemplo, o egoísmo, a irritabilidade, a inveja, e a ira são
aberrações do instinto da autopreservação.
O roubo e a cobiça são
perversões do instinto de aquisição. "não furtarás" e " não
cobiçarás" querem dizer: "não perverterás o instinto de aquisição.
A glutonaria é a perversão do instinto de alimentação, portanto, é
pecado.
A impureza é perversão do instinto de reprodução.
A
tirania, a arrogância, a injustiça e a implicância representam
abusos do instinto de domínio.
Assim vemos que o pecado,
fundamentalmente, é o abuso ou a aberração das forças com que
Deus nos dotou.
Notemos quais as conseqüências dessa perversão :
(1) A consciência culpada que diz ao homem que desonrou a seu
Criador, e avisa-o da pena terrível.
(2) A perversão dos instintos
reage sobre a alma, debilitando a vontade, incitando e fortalecendo
hábitos maus, e criando deformações do caráter.
Paulo fez um
catálogo dos sintomas desses "defeitos" da alma (uma palavra
hebraica traduzida "pecado" significa literalmente "tortuosidade"
em Gál. 5:19-21).
"Ora as obras da carne são manifestas, as quais
são: a fornicação, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria,
as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções,
as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e outras coisas semelhantes."
Paulo considerou tais coisas tão
sérias que acrescenta as palavras :
"os que tais coisas praticam,
não herdarão o reino de Deus".
Colocada sob o poder do pecado, a
alma toma-se :
"morta em delitos e pecados" (Efés. 2:1).
Colocada
entre o corpo e o espírito, entre o mais elevado e o inferior, entre o
terreno e o espiritual, a alma fez uma escolha má. Mas da escolha
não surgiu proveito, e, sim, perda eterna (Mat. 16:26). Foi feita a
má "barganha" de Esaú — a troca da bênção espiritual por uma
coisa terrena e perecível. (Heb. 12:16.) Ao morrer, a alma ter que
passar para o outro mundo, "manchada pela carne". (Jud. 23.)
Felizmente existe um remédio — A cura dupla, tanto para a culpa
como para o poder do pecado.
(1) Porque o pecado é uma ofensa a
Deus, é exigida uma expiação para remover a culpa e purificar a
consciência. A provisão do Evangelho é o sangue de Jesus Cristo.
(2) Visto que o pecado traz doença à alma e desordem no ser
humano, requere-se um poder curativo e corretivo. Esse poder é
justamente aquele provido pela operação interna do Espírito Santo
que endireita as coisas tortas da nossa natureza e põe em
movimento certo as forças da nossa vida. Os resultados (os frutos)
são "amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, temperança" (Gál. 5:22, 23). Em outras
palavras, O Espírito Santo faz-nos justos, palavra que no hebraico
significa "reto".
O pecado é tortuosidade da alma; a justiça é sua
retidão.
(e) A ALMA E O CORAÇÃO
Tanto nas Escrituras, como na
linguagem comum, a palavra "coração" significa o centro mesmo
duma coisa. (Deut. 4:11; Mat. 12:40 Êxo. 15:8; Sal. 46:2; Ezeq.
27:4,25,26,27.)
O "coração" do homem é, portanto, o verdadeiro
centro da sua personalidade. É o centro da vida física.
Nas
palavras do Dr. Beck: "O coração é a primeira coisa a viver, e seu
primeiro movimento é sinal seguro de vida; seu silêncio é sinal
positivo de morte." é também a fonte e o lugar onde se encontram
as correntes da vida espiritual e da alma.
Podemos descrevê-lo
como a parte mais profunda do nosso ser, a "casa das máquinas",
por assim dizer, da personalidade, donde procedem os impulsos
que determinam o caráter e a conduta do homem.
1. O coração é centro da vida, do desejo, da vontade e do
juízo.
O amor, o ódio, a determinação, a vontade e o gozo (Sal.
105:3) unem-se com o coração.
O coração sabe, compreende (1 Reis 3:9), delibera, calcula; está disposto, é dirigido, presta
atenção, e inclina-se para as coisas.
Tudo o que impressiona a
alma se diz estar fixado, estabelecido, ou escrito no coração.
O
coração é o depósito de tudo quanto se ouve ou se experimenta
(Lu. 2:51).
O coração é a "fábrica", por assim dizer, em que se
formam pensamentos e propósitos, sejam bons ou maus. (Vide
Sal.14:1; Mat. 9:4; l Cor. 7:37; 1 Reis 8:17.)
2. O coração é o centro da vida emocional.
Ao coração
atribuem-se todos os graus de gozo, desde o prazer, (Isa. 65:14) até
ao êxtase e exultação (Atos 2:46); todos os graus de dor, desde o
descontentamento (Prov. 25:20) e a tristeza (João 14:1) até ao "ai"
lacerante e esmagador (Sal. 109:22; Atos 21:13); todos os graus de
má vontade desde a provocação e ira (Prov. 23:17) até à cólera
incontrolável (Atos 7:54) e o desejo vingativo ardente (Deut. 19:6);
todos os graus de temor desde o tremor reverente (Jer. 32:40) até
ao pavor (Deut. 28:28). O coração derrete-se e se retorce em
angústia (Jos. 5:1); torna-se fraco pela depressão (Lev. 26:36);
murcha sob o peso da tristeza (Sal. 102:4); quebra-se e fica
esmagado pela adversidade (Sal. 147:3), é consumido por um ardor
sagrado (Jer.20:9).
3. O coração é o centro da vida moral
Concentrado no
coração pode haver o amor de Deus (Sal. 73:26) ou o orgulho
blasfemo (Ezeq. 28:2, 5).
O coração é a"oficina" de tudo quanto é
bom ou mau nos pensamentos, nas palavras ou nas ações. (Mat.
15:19.)
É onde se reúnem todos os impulsos bons ou as
cobiças más; é a sede dum tesouro bom ou ruim.
Do que tiver em
abundância ele fala e opera.(Mat. 12:34, 35.)
É o lugar onde
originalmente foi escrita a lei de Deus (Rom.2:15), e onde a mesma
lei é renovada pela operação do Espírito Santo. (Heb. 8:10.)
É sede
da consciência (Heb. 10:22) e a ele atribuem-se todos os
testemunhos da consciência, (1 João 3:19-21.)
Com o coração o
homem crê (Rom. 10:10) ou descrê (Heb. 3:12).
É campo onde se
semeia a Palavra divina (Mat. 13:19).
Segundo as suas decisões,
está sob a inspiração de Deus (2 Cor. 8:16) ou de Satanás (João
13:2).
É a morada de Cristo (Efés. 3:17) e do Espírito (2 Cor. 1:22);
da paz de Deus (Col. 3:15). é o receptáculo do amor de Deus (Rom.
5:5), o lugar da aurora celestial (2 Cor. 4:6), a câmara da
comunhão secreta com Deus (Efés. 5:19).
É uma grande
profundidade misteriosa que somente Deus pode sondar. (Jer.
17:9.)
Foi em vista das imensas possibilidades implícitas no coração do homem que Salomão proferiu esta admoestação:
"Guarda com toda a diligência o teu coração, pois dele procedem
as fontes da vida" (Prov. 4:23).
(f) A ALMA E O SANGUE
"Porque a vida (literalmente "alma") da
carne está no sangue" (Lev. 17:11).
As Escrituras ensinam que,
tanto no homem como no irracional, o sangue é a fonte e o
depositário da vida física. (Lev. 17:11; 3:17; Deut. 12:23; Lam.
2:12; Gên. 4:10; Heb. 12:24; Jo 24:12; Apoc. 6:9,10; Jer. 2:34;
Prov. 28:17.)
Vamos citar as palavras de Harvey, médico inglês,
descobridor da circulação do sangue: "é o primeiro órgão a viver e o
último a morrer; é a sede principal da alma. Ele vive e nutre-se de
si mesmo, e por nenhuma outra parte do corpo."
Em Atos 17:26 e
João 1:13 o sangue se apresenta como a matéria original de onde
surge o organismo humano.
Usando o coração como bomba, e
o sangue como meio da vida, a alma envia vitalidade e nutrição
a todas as partes do corpo.
O lugar que a criatura ocupa na escala
da vida determina o valor do seu respectivo sangue. Primeiro vem
o sangue dos animais; porém de valor maior é o sangue do
homem, porque o homem tem a imagem de Deus. (Gên. 9:6). De
estima especial é o sangue dos inocentes e dos mártires. (Gên.
4:10; Mat. 23:35.) O mais precioso de todos é o sangue de Cristo (1
Pedro 1:19; Heb. 9:12), de valor infinito por estar unido com
a Divindade.
Pelo plano benigno de Deus, o sangue tomou-se o
meio de expiação, quando aspergido sobre o altar de Deus. "Pelo
que vô-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas
vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma"
(Lev. 17:11).
4. O CORPO HUMANO
Os seguintes nomes aplicam-se ao corpo :
(a) casa, ou tabernáculo. (2 Cor. 5:1.) - É a tenda na qual
a alma do homem, qual peregrina, mora durante sua viagem do
tempo para a eternidade. À morte, desarma-se a barraca e a alma
parte. (Vide Isa. 38:12: 2 Ped. 1:13, 14.)
(b) Invólucro. (Dan. 7:15) - O corpo é a "bainha"da alma.
A morte é o desembainhar a espada.
(c) Templo - O templo é um lugar consagrado pela presença
de Deus — um lugar onde a onipresença de Deus é localizada, (1
Reis 8:27, 28.)
O corpo de Cristo foi um "templo" (João 2:21)
porque Deus estava nele. (2 Cor. 5:19.)
Quando Deus entra em
relação espiritual com uma pessoa, o corpo dessa pessoa toma-se
um templo do Espírito Santo. (1 Cor. 6:19.)
Os filósofos pagãos
falavam do corpo com desprezo; consideravam-no um estorvo à
alma, e almejavam o dia quando a alma estaria livre das suas
complicadas e enredosas roupagens. Mas as Escrituras em toda
parte tratam o corpo como obra de Deus, a ser apresentado a Deus
(Rom. 12:1), usado para a gloria de Deus (1 Cor. 6:20).
Por que,
por exemplo, contém o livro de Levítico tantas leis governando a
vida física dos israelitas ? Para ensiná-los que o corpo, como
instrumento da alma, deve conservar-se forte e santo.
É verdade
que este corpo é terreno (1 Cor. 15:47) e como tal um corpo de
humilhação (Fil. 3:21), sujeito às enfermidades e à morte (1 Cor.
15:53), de maneira que gememos por um corpo celestial (2 Cor.
5:2). Mas à vinda de Cristo, o mesmo poder que vivificou a alma
transformará o corpo, assim completando a redenção do homem. E
o penhor dessa mudança é o Espírito que nele habita. (2 Cor. 5:5;
Rom. 8:11.)
SIGNIFICADO TEOLÓGICO DA CRIAÇÃO DO HOMEM
O fato de terem sido criados significa que eles não têm existência
independente. Tudo o que temos e somos vem do Criador. Toda nossa vida
é por direito dele.
Humanidade faz parte da criação; isto nos diz que deve haver
harmonia entre nós e o restante da criação. A ecologia ganha um significado
rico (Mandado Cultural)
Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Dos animais dizse que foram feitos. Isso significa que os homens não alcançam a plenitude
quando todas as suas necessidades animais são satisfeitas. Há um
elemento transcendente
Há um vínculo comum entre todos os seres humanos.
Há limitações definidas sobre a humanidade. Somos criaturas,
finitas. Nosso conhecimento é incompleto. Somos mortais. Só Deus é
inerentemente eterno. Qualquer possibilidade de viver para sempre depende
de Deus.
A limitação não é inerentemente má (Gênesis 1:31).
O homem é algo maravilhoso. Apesar de criaturas somos a mais
elevada dentre elas. Fomos feitos pelo melhor e pelo mais sábio dos seres!
Somos origem da Fonte, da vontade e das mãos de Deus.
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