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quinta-feira, 7 de março de 2019

TEONTOLOGIA - A EXISTÊNCIA DE DEUS


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       Vivemos num universo cuja imensidão pressupõe um Criador poderoso, universo cuja beleza, desenho e ordem apontam um sábio Legislador. Mas quem fez o Criador ? Podemos recuar no tempo, indo da causa para o efeito, mas não podemos continuar nesse processo de recuo sem reconhecer um ser "Sempiterno". Aquele ser eterno é Deus, o Eterno, a Causa e a Origem de todas as coisas boas que existem.
       As Escrituras em parte alguma propõem uma série de provas da existência de Deus como preliminar à fé; declaram o fato de Deus e chamam o homem a aventurar-se na fé. "O que se chega a Deus, creia que há Deus", é o ponto inicial na relação entre o homem e Deus.

                                                     DEFINIÇÕES BÍBLICAS

       As expressões "Deus é Espírito" (João 4: 24) e "Deus é Luz " ( I João 1:5), são expressões da natureza essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é amor" ( I João 4:7) é expressão de Sua personalidade. (I Timóteo 6:16). 

                                      DEFINIÇÃO CRISTÃ DO BREVE CATECISMO

       Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. 

                                            DEFINIÇÃO FILOSÓFICA DE PLATÃO

       Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.

                                                   DEFINIÇÃO COMBINADA

       Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas têm sua origem, sustentação e fim (João 4:24; Neemias 9:6; Apocalipse 1:8; Isaías 48:12; Apocalipse 1:17). 

                                                 A EXISTÊNCIA DE DEUS 

       A Bíblia, em verdade, fala de homens que dizem em seus corações que não há Deus, mas esses são "tolos", isto é, os ímpios praticantes que expulsariam a Deus dos seus pensamentos porque já o expulsaram das suas vidas. Esses pertencem ao grande número de ateus praticantes, isto é, esses que procedem e falam como se não existisse Deus. Seu número ultrapassa em muito o número de ateus teóricos, isto é, esses que pretendem aderir à crença intelectual que nega a existência de Deus. Note-se que a declaração " não há Deus" não implica dizer que Deus não exista, mas sim que Deus não se ocupa com negócios do mundo. Contando com a sua ausência, os homens corrompem-se e se comportam de maneira abominável. (Sal. 14.)
       E Paulo lembra aos Efésios que eles tinham estado anteriormente “sem Deus no mundo”,( Efésios 2.12. )    
       Não se pode duvidar da existência de ateus práticos, visto que tanto a Escritura como a experiência a atestam.
       Eles não são necessariamente ímpios notórios aos olhos dos homens, mas podem pertencer aos assim chamados “homens decentes do mundo”, embora consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais. Tais pessoas muitas vezes têm a consciência do fato de que estão em desarmonia com Deus, tremem ao pensar em defrontá-lo e procuram esquecê-lo. Parecem ter um secreto prazer em exibir o seu ateísmo quando tudo vai bem, mas é sabido que dobram os seus joelhos em oração quando sua vida entra repentinamente em perigo. 
        A ideia de que o homem chega ao conhecimento ou à comunhão com Deus por meio de seus próprios esforços é totalmente estranha ao Antigo Testamento. Deus fala; ele aparece; o homem ouve e vê. Deus aproxima-se dos homens; estabelece um concerto ou relação especial com eles; e dá-lhes mandamentos. Eles o recebem quando ele se aproxima: aceitam a sua vontade e obedecem aos seus preceitos. Moisés e os profetas em parte alguma são representados como pensadores refletindo sobre o Invisível, formando conclusões acerca dele, ou alcançando conceitos elevados da Divindade. O Invisível manifesta-se-lhes, e eles o conhecem.
       Se as Escrituras não oferecem nenhuma demonstração racional da existência de Deus, por que vamos nós fazer essa tentativa ? Pelas seguintes razões :
       Primeiramente, para convencer os que genuinamente buscam a Deus, isto é, pessoas cuja fé tem sido ofuscada por alguma dificuldade, e que dizem: "Eu quero crer em Deus; mostra-me que seja razoável crer nele." 
       Mas evidência nenhuma convencerá a pessoa, que, por desejar continuar no pecado e no egoísmo, diz: "Desafio-te a provar que Deus existe." Afinal, a fé é questão moral e não intelectual. Se a pessoa não está disposta a aceitar, ela porá de lado todas e quaisquer evidências. (Luc. 6:31.)
       Segundo, para fortalecer a fé daqueles que já creem. Eles estudam as provas, não para crer, mas sim porque já creem. Esta fé lhes é tão preciosa que aceitarão com alegria qualquer fato que a faça aumentar ou enriquecer.
       Finalmente, para poder enriquecer nosso conhecimento acerca da natureza de Deus. Que maior objeto de pensamento e estudo existe do que ele ?

                           PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

       No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência de Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influência de Wolff. Alguns deles já tinham sido sugeridos, em essência, por Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da filosofia da religião. Somente os mais comuns podem ser apresentados aqui.
       Onde acharemos evidências da existência de Deus ? Na criação, na natureza humana e na história humana. Dessas três esferas deduzimos as cinco evidências da existência de Deus :

       1) O universo deve ter uma Primeira Causa ou um Criador. (Argumento cosmológico, da palavra grega "cosmos", que significa "mundo".)

     2) O desígnio evidente no universo aponta para uma Mente Suprema. (Argumento teleológico, de "Teleos", que significa "desígnio ou propósito".) 

       3) A natureza do homem, com seus impulsos e aspirações, assinala a existência de um Governador pessoal. (Argumento antropológico, da palavra grega "anthropos", que significa "homem".) 

   4) A história humana dá evidências duma providência que governa sobre tudo. (Argumento histórico.)

       5) A crença é universal. (Argumento do consenso comum.)

                                       O ARGUMENTO DA CRIAÇÃO.
                                          ( Argumento cosmológico ) 

       A razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio. Todo efeito deve ter uma causa suficiente. O universo, sendo o efeito, por conseguinte deve ter uma causa.
       No observatório de Harvard College há uma fotografia que inclui as imagens de mais de 200 Vias Lácteas — todas registradas numa chapa fotográfica de 35 x 42 cm. Calcula-se que o número de galáxias de que se compõe o universo é da ordem de 500 milhões de milhões."
       Consideremos nosso pequeno planeta e nele as várias formas de vida existentes, as quais revelam inteligência e desígnio divinos.
       Naturalmente surge a questão: "Como se originou tudo isso ?" A pergunta é natural, pois as nossas mentes são constituídas de tal forma que esperam que todo efeito tenha uma causa. Logo, concluímos que o universo deve ter tido uma Primeira Causa, ou um Criador. "No princípio — Deus" (Gên. 1:1).
       Dum modo singelo este argumento é exposto no seguinte incidente :
      Disse um jovem cético a uma idosa senhora: — Outrora eu cria em Deus, mas agora, desde que estudei filosofia e matemática, estou convencido de que Deus não é mais do que uma palavra oca.
       — Bem — disse a senhora — é verdade que eu não aprendi essas coisas, mas desde que você já aprendeu, pode me dizer donde veio este ovo ?
       — Naturalmente duma galinha — foi a resposta.
       — E donde veio a galinha ?
       — Naturalmente dum ovo.
       Então indagou a senhora: — Permita-me perguntar: qual existiu primeiro, a galinha ou o ovo ?
       — A galinha, por certo — respondeu o jovem.
       — Oh, então, a galinha existia antes do ovo ?
       — Oh, não, devia dizer que o ovo existia primeiro.
       — Então, eu suponho que você quer dizer que o ovo existia antes da galinha.
     O moço vacilou: — Bem, a senhora vê, isto é, naturalmente, bem, a galinha existiu primeiro.
     — Muito bem — disse ela —, quem criou a primeira galinha de que vieram todos os sucessivos ovos e galinhas ?
       — Que é que a senhora quer dizer com tudo isto ? — perguntou ele.
       — Simplesmente isto — replicou ela: — Digo que aquele que criou o primeiro ovo ou a primeira galinha é aquele que criou o mundo. Você nem pode explicar, sem Deus, a existência dum ovo ou duma galinha, e ainda quer que eu creia que você pode explicar, sem Deus, a existência do mundo inteiro !


                                            O ARGUMENTO DO DESÍGNIO 
           ( Argumento teleológico, de "Teleos", que significa "desígnio ou propósito".) 

       O desígnio e a formosura evidenciam-se no universo; mas o desígnio e a formosura implicam um arquiteto; portanto, o universo é a obra dum Arquiteto dotado de inteligência suficiente para explicar sua obra.
      O grande relógio de Estrasburgo tem, além das funções normais dum relógio, uma combinação de luas e planetas que se movem, mostrando dias e meses com a exatidão dos corpos celestes, com seus grupos de figuras que aparecem e desaparecem com regularidade igual ao soarem as horas no grande cronômetro.
      Declarar não ter havido um engenheiro que construiu o relógio, e que este objeto "aconteceu", seria insultar a inteligência e a razão humana. É insensatez presumir que o universo "aconteceu", ou, em linguagem cientifica, que procedeu "do concurso fortuito dos átomos" !
       O exame dum relógio revela que ele leva os sinais de desígnio porque as diversas peças são reunidas com um propósito prévio. Elas são colocadas de tal modo que produzem movimentos e esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam as horas. Disso inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio teve alguém que o fez, e em segundo lugar, que o seu fabricante compreendeu a sua construção, e o projetou com o propósito de marcar as horas. Da mesma maneira, observamos o desígnio e a operação dum plano no mundo e, naturalmente, concluímos que houve alguém que o fez e que sabiamente o preparou para o propósito ao qual está servindo.
    O fato de nunca termos observado a fabricação dum relógio não afetaria essas conclusões, mesmo que nunca conhecêssemos um relojoeiro, ou que jamais tivéssemos ideia do processo desse trabalho. Igualmente, a nossa convicção de que o universo teve um arquiteto, de forma nenhuma sofre alteração pelo fato de nunca termos observado a sua construção, ou de nunca termos visto o arquiteto.
       Do mesmo modo a nossa conclusão não se alteraria se alguém nos informasse que "o relógio é resultado da operação das leis da mecânica e explica-se pelas propriedades da matéria". Ainda assim teremos que considerá-lo como obra dum hábil relojoeiro que soube aproveitar essas leis da física e suas propriedades para fazer funcionar o relógio. Da mesma forma, quando alguém nos informa que o universo é simplesmente o resultado da operação das leis da natureza, nós nos vemos constrangidos a perguntar: "Quem projetou, estabeleceu e usou essas leis?" Isso, em razão de ser implícita a presença de um legislador uma vez que existem leis.

                                    O ARGUMENTO DA NATUREZA DO HOMEM 
                                                            ( Argumento Moral )

       O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de ação que deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse conhecimento chama-se "consciência". Ao fazer ele o bem, a consciência o aprova; ao fazer ele o mal, ela o condena. A consciência, seja obedecida ou não, fala com autoridade.
     Assim disse Butier acerca da consciência: "Se ela tivesse poder na mesma proporção de sua autoridade manifesta, governaria o mundo, isto é, se a consciência tivesse a força de pôr em ação o que ordena, ela revolucionaria o mundo." 
       Mas acontece que o homem é dotado de livre arbítrio e, portanto, pode desobedecer àquela voz íntima. Mesmo estando mal orientada, sem esclarecimento, a consciência ainda fala com autoridade, e faz o homem sentir sua responsabilidade.
     Qual a conclusão que se tira deste conhecimento universal do bem e do mal ? Que há um Legislador que idealizou uma norma de conduta para o homem e fez a natureza humana capaz de compreender esse ideal. A consciência não cria o ideal; ela simplesmente testifica acerca dele, registrando a sua conformidade ou não-conformidade.
     Quem originalmente criou esses dois poderosos conceitos do bem e do mal ? Deus, o Justo Legislador! O pecado ofuscou a consciência e quase anulou a lei do ser humano; mas no Monte Sinai Deus gravou essa lei em pedras para que o homem tivesse a lei perfeita para dirigir a sua vida. O fato de que o homem compreende esta lei, e sente a sua responsabilidade para com ela, manifesta a existência dum Legislador que criou o homem com essa capacidade.
       Qual é a conclusão que podemos tirar desse sentimento de responsabilidade ? Que o Legislador é também um Juiz que recompensar os bons e castigar os maus. Aquele que impôs a lei finalmente defenderá essa lei.
     Não somente a natureza moral do homem, como também todos os aspectos da sua natureza testificam da existência de Deus. Até as religiões mais degradadas demonstram o fato de que o homem, qual cego, tateando, procura algo que sua alma anela. A fome física indica a existência de algo que a possa satisfazer. Quando o homem tem fome, essa fome indica que há alguém ou algo que o possa satisfazer. A exclamação, "a minha alma tem sede de Deus" (Sal. 42:2), é um argumento a favor da existência de Deus, pois a alma não enganaria o homem com sede daquilo que não existisse. Assim disse certa vez um erudito da igreja primitiva: "Para ti nos fizeste, e nosso coração estará inquieto enquanto não encontrar descanso em ti."

                                           O ARGUMENTO DA HISTÓRIA
                                                 ( Argumento Histórico ) 

       A marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e duma providência dominantes. Toda a história bíblica foi escrita para revelar Deus na história, isto é, para ilustrar a obra de Deus nos negócios humanos. "Os princípios do divino governo moral encontram-se na história das nações tanto quanto na experiência dos homens", escreve D. S. Clarke. ( Sal. 75:7; Dan. 2:21; 5:21.)
       "O protestantismo inglês vê a derrota da Armada Espanhola como uma intervenção divina. A colonização dos Estados Unidos por imigrantes protestantes salvou-os da sorte da América do Sul, e desta maneira salvou a democracia. Quem negaria que a mão de Deus estivesse nesses acontecimentos ?" A história da humanidade, o surgimento e declínio de nações, como Babilônia e Roma, mostram que o progresso acompanha o uso das faculdades dadas por Deus e a obediência à sua lei, e que o declínio nacional e a podridão moral seguem a desobediência" (D. L. Pierson).

                                 O ARGUMENTO DA CRENÇA UNIVERSAL
                                       ( Argumento do consenso comum.)

       A crença na existência de Deus é praticamente tão difundida quanto a própria raça humana, embora muitas vezes se manifeste em forma pervertida ou grotesca e revestida de idéias supersticiosas.
       Todos concordam que não existem raças, por mais primitivas que sejam, totalmente destituídas de concepção religiosa ! Embora alguém cite exceções, sabemos que a exceção não inutiliza a regra. A presença de cegos no mundo não prova que todos os homens são cegos. Como disse William Evans: "o fato de certas nações não conhecerem a tabuada de multiplicação não afeta a aritmética."
       Os teólogos não inventaram Deus como também os astrônomos não inventaram as estrelas, nem os botânicos as flores. É certo que os antigos mantinham idéias erradas acerca dos corpos celestes, mas esse fato não nega a existência dos corpos celestes. E visto que a humanidade já teve idéias defeituosas acerca de Deus, isso implica que existe um Deus acerca do qual podiam ter noções errôneas.
       Este conhecimento universal não se originou necessariamente pelo raciocínio, porque há homens de grande capacidade de raciocínio que também negam a existência de Deus.
       É evidente que o mesmo Deus que fez a natureza, com suas belezas e maravilhas, fez também o homem dotado de capacidade para observar, através da natureza, o seu Criador. 
       "Porquanto, o que se pode conhecer de Deus, neles está manifesto; pois Deus lho manifestou. As perfeições invisíveis dele, o seu poder eterno, e a sua divindade, claramente se vêem desde a criação do mundo, sendo percebidas pelas suas obras" (Rom. 1:19, 20).
      Deus não fez o mundo sem deixar certos sinais, sugestões e evidências claras, que falam das obras das suas mãos. 
       "Mas os homens conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem deram graças, antes se enfatuaram nas suas especulações e ficou em trevas o seu coração insensato" (Rom. 1:21).
       O pecado fez embaçar a sua visão; perderam de vista a Deus e, em vez de ver a Deus através da criatura, desprezaram-no pela ignorância e adoraram a criatura. Foi desta maneira que começou a idolatria. Mas até isto prova que o homem é criatura adoradora e que forçosamente procura um objeto de culto.
       Esta crença universal em Deus é prova de que a natureza do homem é de tal maneira constituída que é capaz de compreender e apreciar essa ideia, como o expressou certo escritor: "O homem é incuravelmente religioso", que no sentido mais amplo inclui :

       (1) A aceitação do fato da existência dum ser acima das forças da natureza. 
      (2) Um sentimento de dependência de Deus como quem domina o destino do homem; este sentimento é despertado pelo pensamento de sua própria debilidade e pequenez e pela magnitude do universo. 
      (3) A convicção de que se pode efetuar uma união amistosa e que nesta união ele, o homem, achará segurança e felicidade. Desta maneira vemos que o homem, por natureza, é constituído para crer na existência de Deus, para confiar na sua bondade, e para adorar em sua presença.

       Este "sentimento religioso" não se encontra nas criaturas inferiores. Por exemplo, perderia seu tempo quem procurasse ensinar religião ao mais elevado dos tipos de símios. Mas o mais inferior dos homens pode ser instruído nas coisas de Deus. Por quê ? Falta ao animal a natureza religiosa — não é feito à imagem de Deus; o homem possui natureza religiosa e procura um objeto de adoração.


        Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os crentes não precisam deles. Sua convicção a respeito da existência de Deus não depende deles, mas, sim, da confiante aceitação da auto-revelação de Deus na Escritura.
       Se muitos em nossos dias estão querendo firmar sua fé na existência de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de Deus. Além disso, ao usar estes argumentos na tentativa de convencer pessoas incrédulas, será bom ter em mente que de nenhum deles se pode dizer que transmite convicção absoluta.
       Ninguém fez mais para desacreditá-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos filósofos e teólogos os têm descartado como completamente inúteis, mas hoje os referidos argumentos estão recuperando apoio e o seu número está crescendo.
     E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicações satisfatórias da existência de Deus, parece indicar que eles não são inteiramente vazios de valor. Têm algum valor para os próprios crentes, mas devem ser denominados testimonia, e não argumentos.
     Eles são importantes como interpretações da revelação geral de Deus e como elementos que demonstram o caráter razoável da fé em um ser divino. Além disso, podem prestar algum serviço na confrontação com os adversários. Embora não provem a existência de Deus além da possibilidade de dúvida e a ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que estabeleçam uma forte probabilidade e, por isso, poderão silenciar muitos incrédulos.


                                ACEITAR A EXISTÊNCIA DE DEUS PELA FÉ 

       O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. 
       A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus
       O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 “… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. 
       A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No princípio criou Deus os céus e a terra”
       Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso propósito de redenção.
       O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do Novo testamento.
       Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável. Deve-se notar, que é somente pela fé que aceitamos a revelação de Deus e que obtemos uma real compreensão do seu conteúdo.
       Disse Jesus, “Se alguém quiser fazer a vontade d’Ele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”, João 7.17. 
       É este conhecimento intensivo, resultante de íntima comunhão com Deus, que Oseias tem em mente quando diz: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor”, Oseias 6.3.
       O incrédulo não tem nenhuma real compreensão da palavra de Deus. As palavras de Paulo são pertinentes nesta conexão:
       “Onde está o sábio ? Onde o escriba ? Onde o inquiridor deste século ? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria do mundo ? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem, pela loucura da pregação”, 1 Coríntios 1.20, 21.
     Nada podemos saber de Deus, se Ele mesmo não quiser revelar. Todo nosso conhecimento de Deus é derivado de sua auto-revelação na natureza e nas escrituras sagradas, precisamos de um relacionamento pessoal íntimo com ELE.

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