OBJETO DE ESTUDO.
Nesse mister, forneceremos a divisão da História Geral,
relacionando-a com a História Bíblica e Eclesiástica, para depois esboçarmos a
História da Igreja, com alguns dados acerca da Igreja evangélica brasileira
Empregamos como fontes principais desta apostila os livros
Manual Bíblico de Halley e História do Cristianismo - Dos apóstolos do Senhor
Jesus ao século XX, de A. KNIGHT e W. ANGLIN, com recurso também a outras
fontes, todas devidamente citadas no espaço próprio.
Há uma preciosa coleção, com dez volumes, de JUSTO L.
GONZÁLEZ, que tem por título E Até os Confins da Terra - Uma História Ilustrada do Cristianismo. A
coleção é rica em detalhes históricos e ilustrações. Extraímos algumas
informações dessa coleção.
II ESBOÇO DA HISTÓRIA GERAL
Segue a divisão clássica da História Geral, tal como
estudada na escola :
PRÉ-HISTÓRIA - até a invenção da escrita (c. 4.000 a.C.).
IDADE ANTIGA - de 4.000 a.C. a 476 d.C. (Queda de Roma).
IDADE MÉDIA - de 476 a 1453 d.C. (Queda de Constantinopla).
IDADE MODERNA - de 1453 a 1789 d.C. (Revolução Francesa).
IDADE CONTEMPORÂNEA - aos nossos dias.
Algumas observações.
Os primeiros 11 capítulos do Gênesis desenvolvem-se na
Pré-História.
Toda a História Bíblica desenrolou-se na Idade Antiga
(Antiguidade).
O papado surgiu entre a Idade Antiga e a Idade Média, e o
poderio da Igreja Católica cresceu exponencialmente na Idade Média.
O Islamismo surgiu na Idade Média (610 d.C.).
A Reforma Protestante (1517) ocorreu na Idade Moderna, mesmo
período do Renascimento, do Iluminismo, da Invenção da Imprensa, das Missões
Modernas e da Descoberta do Brasil (esta no contexto das Grandes Navegações).
A Idade Média foi chamada de “Idade das Trevas” pelo
humanista italiano Francisco Petrarca (1304-1374).
III - ESBOÇO DA ISTÓRIA DA IGREJA
Qualquer divisão, classificação ou organização depende dos
critérios adotados, e por isso pode haver algumas variações a depender do
material consultado.
A seguir, tem-se um esboço que considero pertinente e útil
para se ter uma visão panorâmica da História Eclesiástica:
Era Apostólica (33-100 d.C.).
Era Patrística (100-750).
1. Pais Apostólicos (100-150).
2. Apologistas e Polemistas (Sécs. II e III).
3. Pais Capadócios (Séc. IV).
4. Pais Pós-Nicenos (depois de 325).
Perseguições, controvérsias e heresias (250-313 d.C.).
Do Edito de Milão aos Carolíngios (313-800 d.C.).
Constantino. Concílios. Degeneração da Igreja Católica.
Paganização. Papado. Monasticismo.
Carolíngios, Cisma, Cruzadas e Escolasticismo (800-1291).
Pré-Reformadores (principalmente dos Sécs. XII ao XV).
Reforma Protestante (1517-1648).
Marco histórico. Antecedentes históricos. Martinho Lutero.
Surgimento da designação “protestantes”. Zwínglio. Calvino. Reforma
“Magisterial” e Reforma Radical. A Reforma na Inglaterra (Os puritanos). A
Reforma na França (Os huguenotes).
Pós-reforma.
A Contra-Reforma. Configuração da Europa. Efeitos de
natureza diversa. Desenvolvimento da Fé Reformada. Pietismo. Metodismo.
Avivamentos.
América e Brasil.
Estados Unidos. Movimento Holiness. Movimento Pentecostal.
Conceito de “evangélico”. Classificação das igrejas evangélicas brasileiras.
Neopentecostalismo.
Era Apostólica (33-100 d.C.).
A Era Apostólica encontra-se referida no Livro de Atos dos
Apóstolos, único livro histórico do Novo Testamento, mas há informações nos
demais Livros neotestamentários que lançam luz sobre esse período.
O Livro de Atos é o desenvolvimento da ordem de Jesus em At
1.8, no sentido de que a Igreja começasse em Jerusalém e se espalhasse primeiro
pela Judeia, depois por Samaria e até aos confins da Terra. Note a ênfase no
crescimento e desenvolvimento da Igreja em 2.41-47, 4.32-34, 9.31.
Pode ser que Paulo perseguisse em seu ministério o objetivo
de alcançar os confins da Terra, entendendo tratar-se de uma cidade da
Espanha (cf. Rm 15.24) conhecida por
Tartessos, possivelmente a Társis para a qual Jonas quisera fugir da presença
de Deus, imaginando que, assim, faria coisa melhor do que pregar aos terríveis
ninivitas (cf. Sl 22.27; 67; Is 23.1-18).
Lembremos que Atos se encerra aparentemente sem conclusão.
Com efeito, Atos dos Apóstolos termina com a simples afirmação de que Paulo, em
prisão domiciliar, pregava “sem impedimento algum” (At 28.31). Isso parece
indicar que a História da Igreja não terminou, e é verdade. Estamos escrevendo
a História da Igreja !
A chamada “Igreja Primitiva” conheceu o derramamento do
Espírito, rápida expansão numérica, plantação de igrejas, viagens missionárias,
formação dos primeiros líderes não apostólicos (presbíteros, diáconos,
evangelistas, missionários).
O modelo básico da igreja eram as sinagogas, locais de
reunião pública que os judeus criaram durante o Exílio Babilônico, e que
perduraram depois do retorno a Judá.
Havia inicialmente uma comunidade de bens entre os irmãos
(At 4.32), mas logo houve a necessidade de instituir-se o diaconato para cuidar
da distribuição equânime dos donativos, porque surgiram conflitos, na Igreja em
Jerusalém, entre os judeus nativos (“hebreus”) e os judeus de fala grega (At
6.3).
Reuniam-se os crentes nas casas, nas sinagogas ou em
edifícios públicos. As reuniões davam-se no primeiro dia da semana,
provavelmente em dois cultos. Os primeiros crentes cantavam hinos, faziam
orações, liam as Escrituras, eram ensinados pelos presbíteros, celebravam a
Ceia aos domingos.
Os cristãos do Primeiro Século possuíam declarações sucintas
da Fé Cristã, semelhantes ao que se encontra em Rm 10.9,10, I Co 15.4 e I Tm
3.16. Um outro texto que resume um repertório da Fé Cristã é o de At 4.24-30.
Depois apareceram os credos. O credo mais antigo é o Credo dos Apóstolos,
surgido em Roma por volta de 340 d.C.
Foi na Era Apostólica que se realizou o Concílio de
Jerusalém (49), com a presença de Paulo, Pedro, Tiago (irmão do SENHOR),
Barnabé, entre outros, incluindo presbíteros (At 15).
Havia muitos aspectos positivos, mas também se deram alguns
problemas, tais como episódios de imoralidade sexual, facções e disputas
intestinas, falsos apóstolos, uso indevido dos dons espirituais, influência da
cultura pagã (Corinto); movimento judaizante (Jerusalém, Galácia); gnosticismo
embrionário (Ásia Menor); nicolaísmo (Pérgamo e Éfeso, na Ásia Menor).
Os líderes principais eram os apóstolos (At 2.42), mas havia
presbíteros e diáconos nas igrejas.
Havia condições favoráveis à expansão missionária (tolerância
religiosa por parte do Estado; dois idiomas internacionais, o grego e o latim;
estabilidade política; suficiência de alimentos e abrigos para todos; estradas
pavimentadas; sistema bancário; câmbio de moedas estrangeiras). Era a chamada
“plenitude do tempos” (Gl 4.4). A Igreja avançou para as cidades gregas na Ásia
e na Europa, dentro do Império Romano. Paulo e sua equipe missionária foram
decisivos na evangelização dos gentios. Pedro e outros buscaram evangelizar os
cerca de 4 milhões de judeus que habitavam o Império.
Judeus habitantes das cidades evangelizadas perseguiam os
cristãos.
As heresias da época ficaram a cargo dos ebionitas,
gnósticos (ainda em sede embrionária) e nicolaítas.
Nesse período ocorreram eventos históricos importantes, como
o Incêndio de Roma, causado por Nero (64 d.C.), que culpou os cristãos; a
Destruição de Jerusalém (70 d.C.); e a elaboração e conclusão do Novo
Testamento.
Era Patrística (100-750).
Apesar de voltarmos, mais tarde, a períodos insertos na
mesma Era Patrística, é de bom alvitre distinguir nominalmente essa fase,
quando atuaram os chamados Pais da Igreja, porque é relevante, na teologia e na
História da Igreja, a expressão “Era Patrística” ou “Era dos Pais da Igreja”.
(1) Pais Apostólicos (100-150).
Os chamados “Pais Apostólicos” foram discípulos diretos ou
indiretos dos apóstolos e escreveram obras teológicas importantes.
Destacaram-se Clemente de Roma (30-100), Inácio de Antioquia
(30-117), Papias (70-155) e Policarpo (69-159).
Merecem citação as seguintes obras literárias da época :
- Epístola aos Coríntios escrita por Clemente de Roma (bispo
de Roma entre 91 e 100 d.C.);
- Sete Epístolas de Inácio de Antioquia, discípulo de João
(c. 110 d.C.);
- Epístola de Barnabé (entre 90 e 120 d.C);
- Didaquê - Ensino dos Doze Apóstolos (c. 100 d.C.), que
continha instruções práticas, como a forma de lidar com pregadores itinerantes;
- Pastor de Hermas (c. 150 d.C.), uma alegoria rica em
simbolismo e visões, seguindo o modelo do Apocalipse. Segundo HALLEY, esse
livro pode ser chamado de “O Peregrino da igreja primitiva”, em alusão ao
célebre livro de John Bunyan.
Essas obras diferem radicalmente dos escritos apócrifos
(ocultos, secretos) e pseudepígrafos, que começaram a surgir no Séc. II d.C.
(Evangelho de Nicodemos, Evangelho de Pedro, Atos de João, Atos de André, Carta
de Paulo a Sêneca, Carta de Pedro a Tiago etc.).
(2) Apologistas e Polemistas (Sécs. II e III).
Os Apologistas defendiam intelectualmente o Cristianismo
(apologia é defesa). Surgiram principalmente no Séc. II.
Foram Apologistas os seguintes Pais da Igreja: Justino, o
Mártir (100-170), Tertuliano de Cartago (150-230), Teófilo (181) e Aristides
(início do Séc. II).
Os Polemistas combateram heresias. Surgiram principalmente
no Séc. III.
Foram Polemistas os que seguem : Ireneu de Lyon (130-200),
que combateu o gnosticismo, Cipriano (200-258), Tertuliano de Cartago (150-230)
e Orígenes (185-254).
Houve perseguição infligida por Domiciano por causa do não
pagamento de impostos pelos judeus (95 d.C.) - como os cristãos eram
confundidos com os judeus, também foram perseguidos.
Nessa época João foi preso na ilha de Patmos.
Por meio de uma carta, o governador Plínio perguntou ao
imperador Trajano sobre o procedimento correto a ser adotado quanto a cristãos
delatados por sua fé (112 d.C.).
(3) Pais Capadócios (Séc. IV).
Os Pais Capadócios foram teólogos compreendidos entre os
Concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381). Foram eles Basílio de
Cesareia (330-379), Gregório de Nissa (330-395) e Gregório de Nazianzo
(330-389).
(4) Pais Pós-Nicenos.
No Ocidente, os Pais Pós-Nicenos foram João Crisóstomo de
Antioquia (347-407) - ensinou que a Cruz e a ética são inseparáveis; Teodoro,
bispo de Mopsuéstia (350-428) - valorizou o contexto histórico-gramatical do
texto; e Eusébio (265-339) - escreveu a história eclesiástica a pedido de
Constantino.
No Oriente, os Pais Pós-Nicenos foram Jerônimo de Veneza
(347-420), que se estabeleceu em Belém para estudar e traduziu a Bíblia para o
latim (a Vulgata); Ambrósio (340-397), administrador e pregador que confrontou
a intromissão do Imperador na Igreja; e Agostinho de Hipona (354-430).
Agostinho é considerado o mais importante dentre todos os da
Era Patrística. Filho de Mônica, uma crente piedosa, vivia ele uma vida de
pecado, até que um dia, tendo ouvido uma voz para ler a Bíblia, deparou com o
texto de Rm 13.13,14 e se converteu a Cristo. Sua obra reúne mais de 100
livros, 200 cartas, 500 sermões. Para os católicos são importantes sua doutrina
do Purgatório, sua ênfase na Igreja como instituição visível e o destaque aos
sacramentos do batismo e da comunhão. Para os protestantes é valiosa sua defesa
da doutrina da salvação pela graça, por Cristo Jesus. A autobiografia
Confissões é um importante livro de Agostinho.
PERSEGUIÇÕES, CONTROVÉRSIAS E HERESIAS (250-313 d.C.):
A perseguição estatal sistemática e ostensiva contra os
cristãos começou em 250, e por razões políticas, religiosas, econômicas,
sociais e religiosas. Os cristãos eram tidos por desleais ao Imperador, por não
lhe prestarem culto. Também não tomavam parte nos cultos e sacrifícios pagãos e
vieram a ser considerados ateus por não cultivarem uma religiosidade carregada
de aparatos externos. Além disso, foram antipatizados por seu entendimento de
que todos os homens são iguais, sem distinção entre livres e servos, por
exemplo.
O marco dessa perseguição foi o edito do imperador Décio
(250), que tornou ilegal a religião cristã.
Edito do imperador Diocleciano (303) incrementou a
perseguição, determinando a prisão dos crentes, que já somavam 15% da população
do Império Romano (de 50 a 75 milhões de pessoas). Como os cárceres ficaram
superlotados, sem espaço para os verdadeiros malfeitores, a prisão foi
substituída pelas penas de exílio, perda de bens, execução (à espada ou por
animais selvagens), trabalhos forçados, prisão (os cárceres ficaram
superlotados, e por isso os cristãos passaram a
receber as outras penas mencionadas).
Naquele período fortaleceu-se a heresia do Gnosticismo
(ascético ou licencioso).
Houve concílios eclesiásticos para dirimir dúvidas e
revolver problemas.
Surgiram controvérsias teológicas (livre-arbítrio ou não ? O
homem nasce em pecado ou se torna pecador ? Como somos salvos ?) e
disciplinares (o que fazer com os cristãos que, sob pressão, ofereceram
sacrifícios ou queimaram as Escrituras ?).
A queima das Escrituras levou à necessidade de identificação
dos Livros Canônicos.
É interessante que a atuação de hereges contribuiu,
curiosamente, para a sedimentação da doutrina cristã, dado o esforço dos Pais
da Igreja em rebater as impropriedades ensinadas e escritas por aqueles homens.
DO EDITO DE MILÃO AOS CAROLÍNGIOS (313-800 d.C.).
Constantino.
O imperador Constantino (274-327) estava numa batalha quando
avistou no céu a frase “Com este sinal vencerás” (in hoc signus vinces, em
latim). O sinal era a Cruz. Ele entendeu que deveria se aliar ao Cristianismo,
religião já bastante numerosa. Não afirmarei que Constantino se converteu. Ele
continuou como sumo-sacerdote da religião estatal e foi batizado pouco antes de
morrer. Mas não se pode negar a influência dele na História da Igreja, em
termos positivos e negativos.
Por meio do Edito de Milão (313), Constantino decretou a
tolerância para com os cristãos, ensejando liberdade de culto; isenção dos
clérigos quanto ao serviço público; subsídio estatal às igrejas; devolução dos
bens confiscados; domingo como dia de descanso e de culto.
Já o imperador Teodósio I foi quem tornou o Cristianismo a
religião oficial do Império Romano (380).
Concílios.
Nesse período a Igreja cedeu a muitas heresias pagãs, porém
combateu outras, tais como o arianismo, o apolinarismo e o nestorianismo. As
grandes questões teológicas eram discutidas nos Concílios Eclesiásticos ou
Ecumênicos. Entre 325 a 787 houve Sete Concílios.
As doutrinas dos quatro primeiros Concílios são seguidas até
hoje. São eles, com um resumo de suas declarações:
Concílio de Niceia I (325) : Jesus é Deus.
Concílio de Constantinopla (381) : o Espírito Santo é Deus.
Concílio de Éfeso (431) : depois do debate entre Agostinho e
Pelágio (teólogo britânico - c. 354-415), se entendeu que a salvação se dá pela
graça, pois o homem nasce contaminado pelo pecado de Adão e não pode escolher
livremente entre o bem e o mal.
Concílio de Calcedônia (451) : Jesus é verdadeiro Deus e
verdadeiro Homem.
Degeneração da Igreja Católica.
A degeneração da Igreja Católica deu-se de modo lento,
progressivo e motivado por fatores diversos.
Paganização.
O lado mais ocidental do Império Romano vinha sofrendo as
invasões de tribos bárbaras desde o fim do Séc. I até a desintegração do
Império em 476 d.C., data da transição da Idade Antiga para a Era Medieval.
Por influência desses povos, a Comemoração do Natal de Jesus
passou a ser realizada na época da festa do solstício do inverno. Essa
transição ocorreu em 350.
O paganismo veio trazendo uma influência insistente e
duradoura. Passou a haver forte distinção entre clero e laicato, veneração de
santos por meio de relíquias, quadros e estátuas.
Além de batismo e Ceia, acrescentaram-se como sacramentos o
casamento, a penitência, a ordenação, a confirmação e a unção dos enfermos.
Papado.
Nos Séculos V a VIII, de acordo com o historiador JUSTO L.
GONZÁLEZ, as duas forças mais destacadas do Cristianismo Ocidental foram o
papado e o monasticismo, que contribuíram para a conversão dos bárbaros e a
preservação da cultura antiga.
Vejamos como teve início o papado.
Em 313 o bispo de Roma considerou-se Primus inter pares (“o
primeiro entre iguais”).
Quando da invasão e saque de Roma pelos visigodos (410), a
reação decisiva do bispo de Roma evidenciou seu poder.
Leão I, bispo de Roma, considerou-se superior aos demais
bispos (440).
Gregório I (Magno) declarou que Leão fora o primeiro papa
(590). Gregório I era escritor, pregador, teólogo e músico. Desenvolveu o
“canto gregoriano”. Disputou com o bispo (patriarca) de Constantinopla, porque
este se pretendia “bispo universal”. Não aceitou o título de “papa”, mas agiu
como tal. Estendeu o domínio católico a igrejas da Inglaterra e Espanha.
Vale observar que, segundo alguns estudiosos, Diótrefes,
citado em III Jo, é tido como “o primeiro bispo monárquico”, por ter pretendido
“exercer a primazia” entre os irmãos, sendo possivelmente ele um bispo
(presbítero). Ele pode ter sido, desse modo, um precursor do papado.
Monasticismo.
Como resposta à degradação espiritual e moral da Igreja
Católica, surgiu no Séc. IV o Monasticismo, pautando-se pelos ideais da
contemplação e do ascetismo. Esse movimento cresceu muito no Séc. VI,
popularizou-se nos Sécs. X e XI e depois no Séc. XVI. Ainda hoje se pratica,
mas em menor escala.
Tornou-se famosa, antes do ano 800, a Regra de São Bento (ou
São Benedito): um conjunto de regras alimentares, votos de castidade, pobreza e
obediência, divisões do dia para leitura, adoração e trabalho.
Houve importante obra intelectual, missionária, cultural e
social nos mosteiros (500 a 1000), mas a vida ascética limitava seu alcance.
CAROLÍNGIOS, CISMA, CRUZADAS E ESCOLASTICISMO (800-1291) :
Carolíngios.
A família dos Carolíngios governou boa parte da França e dos
Países Baixos, além de países onde hoje se fala alemão e, ainda, a Itália.
Um carolíngio foi Carlos Martel (ou Carlos Martelo), que
impediu o avanço dos muçulmanos na Europa (em Tours). Pepino foi outro
carolíngio.
Carlos Magno, filho de Pepino, veio a ser coroado em 800, e
pediu para receber a coroa das mãos do papa. Ali nascia o Sacro Império Romano,
pela harmonização entre os interesses temporais e católicos.
Cisma.
As Igrejas do Ocidente e do Oriente já viviam como entidades
separadas, mas em 1054 houve o Cisma, e por uma questão doutrinária muito
simples, a saber: se o pão da Ceia devia ser levedado ou não. A Igreja Católica
Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental afastaram-se definitivamente,
com a excomunhão recíproca dos seus líderes principais (o papa e o patriarca).
Hoje as principais Igrejas da corrente oriental são a Igreja Ortodoxa Grega e a
Igreja Ortodoxa Russa.
Cruzadas.
As Cruzadas (1095-1291) foram operações militares solicitadas
pela Igreja Oriental, promovidas pelos papas (da Igreja Ocidental, portanto) e
comandadas pelos nobres contra a tomada da Terra Santa por muçulmanos. Estavam
envolvidos interesses políticos e econômicos, não apenas religiosos.
Um dos frutos das Cruzadas foi o efêmero Reino de Jerusalém
(1100-1187).
A Cruzada das Crianças (1212) contou em suas hostes com
meninos de 12 anos de idade.
A expulsão dos cruzados pelos muçulmanos, da cidade de Acre,
na Terra Santa, marcou o fim das Cruzadas (1291).
Deu-se o fortalecimento do papado durante as guerras, mas
enfraquecimento paulatino em razão do nacionalismo dos cruzados. As cidades
foram fortalecidas à medida que os nobres vendiam suas propriedades aos
cidadãos, para financiar as batalhas, ou não retornavam do Oriente.
Foi nessa época que surgiram as catedrais góticas. Também
apareceram novas ordens monásticas.
Escolasticismo.
O Escolasticismo foi um movimento intelectual de conciliação
entre a ciência e literatura gregas e a teologia cristã, uma aproximação entre
razão e fé.
Destacaram-se no período Anselmo de Cantuária (c. 1033-1109)
e Tomás de Aquino (1225-1274).
OS PRÉ-REFORMADORES (PRINCIPALMENTE DOS SÉCS. XII AO XV).
Os chamados “pré-reformadores” ou “precursores da Reforma”
levantaram-se contra atitudes erradas da Igreja Romana.
Citemos alguns deles :
Cláudio (?-839), bispo da cidade de Turim, mais tarde seria
considerado “o protestante do século IX” porque reprovou a adoração a imagens e
relíquias, as orações aos santos, as peregrinações a Roma e a designação do
papa como “senhor apostólico”. Seus seguidores foram expulsos para as montanhas
(Piemonte). Note que ele atuou bem antes do período da Pré-Reforma propriamente
dita.
Pedro de Bruys (?-c. 1130), presbítero no Sul da França,
pregou contra práticas e vícios de Roma (construção de igrejas ricas,
crucifixos, doutrina da transubstanciação, celebração da missa, eficácia das
esmolas e orações pelos mortos). Por isso, foi perseguido e queimado vivo.
O monge Henrique de Lausanne ou Henrique de Cluny (?-1147)
pregou em favor da simplicidade e viveu de maneira humilde. Morreu na prisão em
Toulouse. Era um seguidor da doutrina de Pedro de Bruys.
Vários cristãos tidos por “hereges”, provavelmente
discípulos de Bruys e Henrique - por
isso, chamados de “petrobrussianos” e “henricianos” - vieram a ser martirizados
na cidade de Colônia.
Pedro Valdo (? – 1179), um comerciante de Lyon, distribuiu
seus bens aos pobres, financiou suas próprias viagens para pregar o Evangelho
na língua do povo e contribuiu para a tradução e distribuição da Bíblia. Seus
seguidores foram chamados de “valdenses” e “Homens pobres de Lyon”. Esse movimento
estabeleceu-se, nos Alpes, entre os vales dos Vaudois, com outros cristãos. No
Séc. XVI, os valdenses incorporaram-se à Reforma Protestante.
Pedro Abelardo (1079-1142), bretão, foi um pregador leigo
muito popular e inteligente.
O monge Arnaldo de Brescia (1090-1155), discípulo do
pregador Pedro Abelardo, criticou a opulência do clero romano. Por causa disso
foi exilado e enforcado. Seu corpo foi queimado, sendo as cinzas lançadas no
rio Tibre.
Francisco de Assis (1182-1226), certamente mais conhecido
que todos os acima citados, fundou a
ordem religiosa dos “Irmãos Menores”, pautada pela simplicidade. Ele
tinha uma concepção de salvação individual e coordenou a construção de igrejas
amplas e modestas, dando espaço ao povo. Inspirou-se em Pedro de Bruys, o
comerciante que se tornou eremita, como visto acima.
O monge dominicado Jerônimo Savonarola (1452-1498) defendeu
a simplicidade da vida monástica e foi um grande pregador. Foi martirizado pelo
fogo.
Um dos principais precursores da Reforma foi João Wycliff (c. 1324-1384), professor da Universidade de
Oxford. Ele traduziu a Bíblia para o inglês. Inspirado em Robert Grostete
(1168-1253), entendeu que o papa era o Anticristo.
Os lollardos foram um movimento religioso que se identificou
muito com o ensino de Wycliff, conquanto já existisse antes dele. Houve entre
eles vários mártires, a exemplo de Guilherme de Sawtrey (?-1401) e João Badby
(?-1410), que foram queimados vivos.
João Huss (1369-1415), que era da Boêmia (parte da atual
República Checa), foi pregador da capela de Belém e deão da faculdade de
filosofia. Ele era admirador da doutrina de Wycliff, e, assim como ele, se
tornou um dos principais precursores da Reforma. Foi queimado vivo.
Um amigo de Huss, Jerônimo de Praga (1379-1416), também foi
queimado vivo.
Houve algumas guerras que envolveram os hussitas (seguidores
de Huss), por causa de sua fé.
Na Morávia, também parte da atual República Checa, teve
origem o movimento dos Irmãos Reunidos (Unitas Fratrum) ou Irmãos Morávios.
Esses cristãos foram fixados compulsoriamente nos territórios da Morávia e da
Silésia, e, embora duramente perseguidos, mantiveram sua fé, refugiando-se em
cavernas e bosques. Concluíram a tradução da Bíblia para a língua boêmia,
imprimindo várias cópias. Mais tarde, no Séc. XVIII, foram acolhidos e
financiados pelo piedoso Conde Zinzendorf (1700-1760), da Alemanha, o que
ensejou o nascimento de um relevante trabalho missionário.
João de Wessalia (?-1479), doutor em teologia em
Erfurt, pregou a mensagem de salvação
sem as obras. Por isso foi preso e torturado, vindo a morrer na prisão.
O holandês João Wesselus (c. 1419-1489), amigo de João de
Wessália, foi um teólogo cujas ideais viriam a ser mais tarde defendidas por
Lutero, que reconheceu esse fato.
Em resumo, na Pré-Reforma houve pregações contra as
seguintes doutrinas e práticas da Igreja Romana :
- Autoridade espiritual e poder temporal do papa;
- Venda de indulgências;
- Corrupção clerical;
- Penitências;
- Confissões;
- Missa;
- Transubstanciação;
- Extrema-unção.
Ademais, a Pré-Reforma foi caracterizada por :
- Proclamação da mensagem de salvação pela graça de Cristo,
e não pelas obras;
- Valorização da pregação no idioma do povo;
- Tradução e distribuição da Bíblia;
- Perseguição por parte de Roma e martírio de muitos irmãos.
A era dos pré-reformadores também conheceu aspectos
negativos (intrigas, erros na interpretação da Bíblia), o que é próprio do Ser
Humano. No entanto, ali estava a ação divina preparando o terreno para a Reforma Protestante, em
séculos de dominação católica.
REFORMA PROTESTANTE (1517-1648).
Marco histórico.
O marco histórico da Reforma Protestante é o dia 31 de
outubro de 1517, quando o monge alemão Martinho Lutero afixou suas 95 Teses na
porta da capela da Universidade de Wittemberg, apontando erros da Igreja
Católica, entre as quais a venda de indulgências.
Antecedentes históricos.
Um antecedente histórico muito importante para a Reforma foi
a Renascença ou Renascimento, movimento intelectual, cultural, ideológico e
artístico caracterizado por individualismo, humanismo, questionamento da
autoridade da Igreja, florescimento literário e intelectual, bem como restauração
das artes e da filosofia da Antiguidade Clássica.
Outros antecedentes foram os protestos de trabalhadores
depois da Peste Negra (advinda em 1347); o Cisma da Igreja Ocidental, que
chegou a ter dois papas a partir de 1378 – um em Roma e outro em Avignon, na
França – contando com três papas por breve período no século seguinte; a
invenção da imprensa, em 1439, por João Gutemberg (1398-1468); a existência de
dificuldades políticas entre o poder papal e os Estados nacionais que se
formavam, gerando conflitos em torno de questões como a imensa propriedade de
terras sobre as quais a Igreja não pagava impostos; as divergências entre a
Igreja e os comerciantes, que não concordavam com os regulamentos das guildas
(espécie de sindicatos de comerciantes) nem com a proibição da “usura”
(empréstimo a juros).
Cremos que Deus tem total controle sobre a História. De um
modo misterioso para nós, acontecimentos históricos foram manejados por Deus
para a Sua própria glória e consecução de Seus desígnios.
Martinho Lutero.
Martinho Lutero (1483-1546) foi o personagem usado por Deus
para romper institucionalmente com a Igreja Romana, e sua atuação teve início
depois de deparar com a opulência e corrupção do clero em Roma. Foi auxiliado
teologicamente por Filipe Melanchthon (1497-1560), responsável pela elaboração
da Confissão de Augsburgo.
Trabalhando como professor de teologia na Universidade de
Wittemberg, onde obteve o título de doutor, Lutero estudou a Bíblia nas línguas
originais, e concluiu que a verdade só pode ser achada na Palavra de Deus, além
de que o homem somente pode ser justificado pela fé em Cristo, de acordo com a
passagem encontrada em Rm 1.17 (isto se deu em 1516).
O Papa Leão X construía a Basílica de São Pedro, e, para
isso, precisava de recursos. Na Alemanha, o arcebispo Alberto, que já dirigia
irregularmente duas províncias eclesiásticas, intentava dominar uma terceira, e
prometeu entregar ao papa uma quantia expressiva, que desejava extrair por meio
da venda de indulgências.
As famosas indulgências eram formalizadas em documentos
entregues a quem fizesse orações, penitências, peregrinações, boas ações e,
principalmente, pagamentos à Igreja.
A fim de alcançar seu objetivo, o arcebispo Alberto
solicitou o apoio do monge João Tetzel, mas Lutero opôs resistência à
propaganda por ele realizada.
Indignado com a pregação de indulgências por parte de João
Tetzel, a pedido de Alberto, o reformador alemão afixou as célebres 95 Teses,
no dia 31 de dezembro de 1517, na porta da capela da Universidade de
Wittemberg.
Em 1518, por ocasião da Dieta (assembleia deliberativa) de
Augsburgo, Lutero e outros irmãos firmaram o entendimento de que a autoridade
pertence à Bíblia, e não ao papa.
Em 1520 Lutero publicou panfletos defendendo as teses de que
os príncipes (governantes) devem reformar a Igreja quando necessário, e de que
os sacerdotes não devem ministrar os sacramentos, pois todos os crentes são
sacerdotes (sacerdócio universal).
Em razão disso, Lutero foi excomungado, por meio da bula
Exsurge Domine, e seus livros vieram a ser queimados na cidade de Colônia. Em
resposta, o reformador queimou a bula papal.
Em 1521, Martinho Lutero foi convocado para se explicar à
Dieta de Worms, mas recebeu proteção dos príncipes alemães e não se retratou. A
fim de escapar à perseguição, foi raptado e escondido por seus amigos no
castelo de Wartburg, onde estudou, escreveu, atuou para erguer o sistema
escolar na Alemanha e traduziu a Bíblia para o alemão. Casou-se, em 1525, com
Catarina von Bora.
Surgimento da designação “protestantes”.
Fernando, irmão do imperador Carlos V, decretou submissão de
Lutero à Dieta de Worms, baixada pelo Papa Leão X. Diante da decisão do
Conselho de Spires no sentido de que Lutero se submetesse à Dieta de Worms, ele
e os nobres que o acompanhavam emitiram umprotesto. Isto se deu em 1529. Assim
surgiu a alcunha de “protestantes” para os que divergiam da Igreja Romana.
Ulrico Zwínglio.
Na mesma época, Ulrico Zwínglio (1484-1531), clérigo e
seguidor das ideias de Erasmo de Roterdã (1466-1536), foi o mais importante
reformador na Suíça Alemã e um dos mais proeminentes dentre todos os
reformadores protestantes, figurando ao lado de Lutero e Calvino. Converteu-se
em 1519 ao ler escritos do reformador alemão.
Zwínglio contou com o apoio teológico de João Oecolampade
(1482-1531).
Em 1529, no Colóquio de Marburgo, Zwínglio e Lutero
concordaram em 14 temas, vindo a discordar veementemente quanto à presença
física de Cristo na Ceia do SENHOR. Zwínglio refutou completamente a doutrina
católica da transubstanciação, ao passo que Lutero a modificou e renomeou como
“doutrina da consubstanciação”.
João Calvino.
João Calvino (1509-1564), reformador, jurista, filósofo e
teólogo francês, autor de vasta obra, que inclui as Institutas da Religião
Cristã (1536), influenciou diretamente a Reforma na França e na Suíça Francesa,
e, já em meados do Séc. XVI, teve seguidores também nos Países Baixos e na Escócia.
Sua contribuição verificou-se tanto em termos teológicos como políticos e
sociais, tendo sido decisiva a sua liderança em Genebra.
A relevância de Calvino é tão grande que de seu trabalho se
originaram doutrinas e igrejas “calvinistas”, por terem seu credo fundado na
interpretação de Calvino sobre as Escrituras. Diferentemente de Lutero,
Calvino, de inclinação profundamente intelectual, deixou uma influência mais
acentuada no campo da teologia sistemática.
Mais tarde, nos Países Baixos, o teólogo holandês Jacó
Armínio (1560-1609) levantou objeções às doutrinas calvinistas da graça
irresistível e da perseverança dos santos, mas, no Sínodo de Dort (1618-1619),
as ideias de Calvino prevaleceram. No Séc. XVIII, o pensamento de Armínio
influenciou o movimento metodista.
Reforma Magisterial e Reforma Radical.
Neste passo, cabe distinguir Reforma Magisterial e Reforma
Radical (Terceira Reforma).
Os reformadores magisteriais anuíam com a participação dos
príncipes na expansão da Reforma (Lutero, Calvino e Zwínglio são os principais
dessa categoria).
Os reformadores radicais, por sua vez, eram contrários a
qualquer associação entre Igreja e Estado, e tinham uma postura subversiva. A
maioria deles identificava-se com Zwínglio, embora com ressalvas.
Entre os reformadores radicais estavam os anabatistas, que
eram pacifistas, não batizavam crianças e, mais tarde, passaram a batizar por
imersão. Por suas ideias, foram duramente perseguidos e martirizados.
Divergiram de Zwínglio quanto ao batismo infantil, pois este entendeu que,
aceita a posição anabatista, muitos seriam alijados da fé reformada.
Os anabatistas foram expulsos de Zurique pelo conselho da
cidade, pois eram contrários ao controle estatal das igrejas.
Em seguida vieram os anabatistas revolucionários (inspirados
em Melchor Hoffman, João Matthys e João Leiden) e os menonitas, estes
discípulos do holandês Menno Simons (1496-1561), que era pacifista, batizava
por aspersão e praticava a lavagem de pés.
Muitos dos anabatistas foram para a América do Norte (os
amish) e para os Países Baixos (os menonitas). Os anabatistas influenciaram os
batistas, os quacres (quackers) e os puritanos separatistas, vindo estes a
exercer importante influência nos Estados Unidos, que estavam em formação.
Os puritanos.
Na Inglaterra a Reforma recebeu forte influência política,
porque o rei Henrique VIII não conseguiu autorização do papa quanto ao seu
divórcio. Sua filha, Maria Tudor, católica fervorosa, perseguiu os
protestantes, que receberam maior consideração de sua irmã e sucessora,
Elisabete.
Em 1558, quando a Inglaterra derrotou a “Invencível Armada”,
de Felipe II, da Espanha, o protestantismo se estabeleceu definitivamente como
religião naquele país, de modo que a Igreja Anglicana se firmou como sucessora
da Igreja Católica, sob a tutela real. Na Grã-Bretanha, somente a Irlanda
permaneceu católica.
Apesar das injunções políticas, a Reforma inglesa contou com
homens que se lhe dedicaram com sinceridade, dentre os quais vale mencionar
William Tyndale (1495-1536), Miles Coverdale (1488-1568) e Hugo Latimer (c.
1485-1555).
Os puritanos surgiram na Inglaterra, no Séc. XVII
(pós-Reforma), apregoando simplicidade nos cultos da Igreja Anglicana, modéstia
nas vestes e no comportamento, prosseguimento dos ideias da Reforma, separação
do domingo como dia dedicado ao SENHOR, convicção de pecado. Alguns deles
queriam a separação entre Igreja e Estado.
No breve governo de Oliver Cromwell, os puritanos tiveram
parte na administração da Inglaterra. Foram puritanos que, fixando-se na
América do Norte, estabeleceram as comunidades de Plymouth e Boston, e deixaram
marcas na Constituição dos Estados Unidos.
Os huguenotes.
Os protestantes franceses, chamados de “huguenotes”,
orientavam-se pelas ideias de Lutero e Calvino.
A França, apesar do trabalho de Calvino, permaneceu
resistente à Reforma, sendo travadas oito guerras entre católicos e
protestantes até o ano de 1572.
Foi nesse contexto que, em 7 de março de 1557, aportou na
Baía da Guanabara um grupo de huguenotes, os quais foram derrotados pelos
portugueses em 1560. Para proteção do lugar, os portugueses fundaram a cidade
do Rio de Janeiro.
Considerando a importância desse fato histórico, importa
transcrever valioso artigo publicado na CPAD News para registro dos 460 anos do
primeiro culto protestante em terras brasileiras. Confira-se :
“Neste 10 de março de 2017, completam-se 460 anos do
primeiro culto protestante no Brasil, ocorrido na atual Ilha de Villegaignon,
no Rio de Janeiro (RJ).
No século 16, o vice-almirante Nicolas Durand de
Villegaignon ouvira falar das maravilhosas terras do Brasil, recém-descobertas.
Ouvira também alusões à beleza dos trópicos, à fertilidade do solo e às
riquezas naturais. Empolgado pelo que ouvira, e pela ambição de conquistar uma
parte da nova e encantadora região meridional, Villegaignon conseguiu
conquistar a amizade e o apoio do almirante Gaspar de Coligny, que era amigo de
Henrique II, rei da França, com o qual conseguiu dois navios equipados com
víveres e munidos de artilharia, e ainda dez mil francos.
Nessa expedição, Villegaignon não teve o cuidado de
selecionar os homens que o acompanharam. Alguns meses após a chegada, alguns
expedicionários conspiraram contra o vice-almirante, sendo por este presos e
mortos 16 dos conspiradores. O almirante Coligny, conseguiu, então,
arregimentar a segunda expedição de 300 homens e mais 3 navios. Entre os
tripulantes dos três navios havia 14 huguenotes, protestantes franceses de
renome, cujo chefe era Felipe de Corguilarai. Havia também dois pastores cujos
nomes são Pierre Richier e Guilhaume Chartier. Outros nomes que integravam essa
comitiva são Pierre Bourdon, Mathieu Verneuil, Jean du Bordel, André LaFon,
Nicolas Denis, Jean de Gardien, Martin David, Nicolas Reviquet, Nicolas Carmau,
Jacques Roseau e Jean de Lari, sendo que este último era o historiador da
expedição.
A expedição da qual faziam parte os huguenotes chegou ao
porto da Guanabara no dia 7 de março de 1557, após quatro meses de viagem da
França ao Brasil.Villegaignon recebeu festivamente os huguenotes, pois estes
mereciam sua confiança e neles estava a esperança de êxito na conquista desta
parte da América.
O desembarque dos huguenotes foi realizado no dia 10 de
março de 1557, uma quarta-feira, e no mesmo dia realizou-se o primeiro culto
protestante nas Américas, em um falão rústico existente na ilha. Dirigiu o
culto o pastor Pierre Richier, o qual pregou com base em Salmos 27.4: ‘Uma
coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os
dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu
templo’. Cantaram na ocasião o Salmo 5.
No dia 21 de março de 1557, um domingo, eles organizariam a
primeira Igreja Evangélica das Américas, ocasião em que seria também celebrada
pela primeira vez a Ceia do Senhor. O vice-almirante Villegaignon foi o
primeiro a participar da Ceia do Senhor. Entretanto, mais tarde, traiu e
perseguiu os huguenotes, passando a ser considerado pelos historiadores, por
esse ato de traição, como o ‘'Caim das Américas’.
Três dos 14 nomes mencionados foram os três primeiros
mártires da fé evangélica no Novo Mundo: Jean de Bourdel, MathieuVerneuil e
Pierre Bourdon, executados em 9 de fevereiro de 1558, uma sexta-feira, por
ordem de Nicolas Durand de Villegaignon, na Ilha que tem o nome do ‘Caim das
Américas’. O nome primitivo da atual Ilha de Villegaignon era Serigi ou
Serigipe. A muralha do lado norte, de onde foram jogados ao mar os três
franceses, é a única que resta das obras primitivas na ilha. O atual forte da
Ilha foi construído sobre as bases do forte primitivo.
Dez anos após a realização do primeiro culto na Guanabara,
outro huguenote também pagou com a vida, pelo ‘crime’ de pregar o Evangelho. No
dia 20 de janeiro de 1567, quando se lançavam os fundamentos da cidade do Rio
de Janeiro, Jacques le Balleur foi enforcado, por ordem de Mem de Sá, e com a
assistência do padre José de Anchieta. Jacques le Balleur chegou à Guanabara na
primeira expedição dos franceses.
Em 1967, por ocasião da Conferência Mundial Pentecostal
realizada no Brasil, foi promovido pelas Assembleias de Deus brasileiras um culto
especial na Ilha de Villegaignon rememorando o primeiro culto protestante no
país. Quem quiser saber detalhes sobre os primeiros protestantes no Brasil e
seu martírio, é só adquirir a obra ‘A Tragédia da Guanabara – A História dos
Primeiros Mártires do Cristianismo no Brasil’”.
Em 24 de agosto de 1572, em Paris, um terrível ardil
engendrado por Catarina de Médici massacrou milhares de huguenotes na Noite de
S. Bartolomeu (pelo menos 3 mil na capital e 8 mil nas províncias, mas o número
de vítimas pode ter sido muito superior).
Em 1598, por meio do Edito de Nantes, o rei Luís XIV
decretou a tolerância religiosa, mas o Edito foi revogado em 1685, e os
huguenotes foram expulsos.
PÓS-REFORMA.
A Contra-Reforma.
A Contra-Reforma”, como o nome sugere, consistiu na reação
da Igreja Católica à Reforma Protestante, por meio do Concílio de Trento
(1545-1563), instituindo o seguinte: novas ordens monásticas, como a dos
Jesuítas; expansão missionária às Américas e ao Extremo Oriente; comissões de
moralidade, para apuração de condutas de clérigos; a construção de igrejas
barrocas de beleza exuberante; o desenvolvimento de novas formas musicais, como
a polifonia; a Inquisição.
Configuração da Europa.
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) definiu os contornos
religiosos e territoriais na Europa Ocidental.
A Rússia tornou-se o centro da Igreja Ortodoxa Oriental.
Novas igrejas surgiriam mais tarde, em outras nações, a
partir do trabalho missionário.
Efeitos de natureza diversa.
A Reforma deixou sementes que frutificaram na alfabetização
e educação do povo, no capitalismo, na democracia política, na oratória
pública, na divulgação de opiniões por meio de panfletos, enfim, no
desenvolvimento político, social, econômico, tecnológico e cultural de diversas
nações.
Desenvolvimento da Fé Reformada.
A fé reformada é o conjunto formado por pelo menos uma das
Confissões derivadas da Reforma, os Cinco Solas e os Cinco Pontos do Calvinismo
(Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível
ou Chamamento Eficaz e Perseverança dos Santos – “TULIP”, na sigla em inglês).
Os “símbolos de fé” são divididos em credos, confissões,
catecismos e cânones.
Há o Credo Apostólico, o Credo Niceno e o Credo de Atanásio
(todos estes provenientes da Era Patrística, comentada linhas acima).
Dentre as Confissões e Catecismos se podem citar a Confissão
de Augsburgo e o Catecismo de Lutero (da Igreja Luterana); a Confissão de Fé de
Westminster e os Catecismos de Westminster, Maior e Breve (dos calvinistas,
como presbiterianos e puritanos); a Segunda Confissão de Fé Helvética (dos
calvinistas suíços); o Catecismo de Heidelberg (com aspectos luteranos e
reformados); a Antiga Confissão de Fé Escocesa.
Entre os cânones, há os Cânones de Dort.
Pietismo.
O pietismo foi um movimento cristão que surgiu na Alemanha,
dentro da Igreja Luterana, com o objetivo de combater o que considerava
“ortodoxia morta”, ou seja, a mera aceitação das doutrinas cristãs, desprovida
de fé individual e santidade no estilo de vida. Felipe Jacob Spener (1635-1705)
é considerado o pai desse movimento. Uma iniciativa sua foram os collegia
pietatis, pequenos grupos que se reuniam para edificação mútua.
Como dito alhures, o Conde Zinzendorf acolheu e apoiou os
morávios, estabelecendo a comunidade de Bethlehem na Pensilvânia (América do
Norte). Esse grupo é contado entre os pietistas.
Metodismo.
O Metodismo foi um movimento evangelístico e avivalista
iniciado no Séc. XVIII pelos irmãos João (1703-1791) e Carlos Wesley
(1707-1788), espalhando-se pela Inglaterra, Estados Unidos e outras partes do
mundo. Está relacionado ao Primeiro Grande Avivamento, ocorrido na América.
Outros nomes são George Whitefield (1714-1770) e Francis Asbury (1745-1816).
Os metodistas reuniam-se em grupos ou sociedades baseados na
disciplina, em torno das práticas da oração, confissão coletiva, santidade e
serviço.
Segundo GREZ et al13, o Wesleyanismo, por sua vez, é
conjunto de grupos ou igrejas que se identificam com o metodismo, incluido as
igrejas metodistas, o Movimento Holiness e o Pentecostalismo, este em razão dos
temas da “segunda bênção” e da santificação. Os wesleyanos geralmente são
arminianos, divergindo, pois, dos calvinistas quanto à Doutrina da Salvação
(Soteriologia).
Avivamentos.
Depois da Reforma Protestante, que pode ser considerada um
verdadeiro avivamento espiritual, houve, na Europa Ocidental e nos Estados
Unidos, importantes avivamentos, também conhecidos como “despertamentos”.
Assim, pois, o Movimento Pentecostal, que será visto
adiante, não inaugurou a era moderna dos avivamentos espirituais, como
erroneamente se pode imaginar. Ele foi (e é) um importante movimento de
renovação espiritual, santificação, evangelização e missões, mas não o único
que tenha destacado o valor do avivamento espiritual.
Citemos dois despertamentos de elevada importância histórica
:
O Primeiro Grande Avivamento (1725-1775) espalhou-se pelas
colônias americanas e teve Jônatas Edwards como seu principal personagem.
O Segundo Grande Avivamento (1800-1861) contou com pregações
avivalistas, acampamentos de igrejas, ênfase na piedade pessoal, milhares de
conversões. Carlos Finney foi um importante evangelista da época, e Dwight L.
Moody, que empregou as técnicas evangelísticas de Finney, inaugurou o método da
colportagem (distribuição de literatura de porta em porta). O avanço
missionário está ligado a esse despertamento. Guilherme Carey (1761-1834),
personagem daquele contexto, é considerado o “pai das missões modernas".
AMÉRICA E BRASIL.
Estados Unidos.
A origem dos Estados Unidos está profundamente ligada aos
desdobramentos da Reforma, o que influenciou sua constituição política,
econômica e social.
Já por volta de 1605 chegavam protestantes ingleses em
Jamestown e Massachusetts.
Vários grupos reformados dirigiram-se ao nordeste americano.
Anglicanos fixaram-se na Virgínia; puritanos congregacionais, na Nova Inglaterra;
reformados holandeses, em Nova York; luteranos foram para Delaware; quacres e
outros grupos foram para a Pensilvânia – o nome desse Estado americano deriva
do reformador Guilherme Penn (1644-1718), que fundou a cidade de Filadélfia,
sua capital.
Nos Estados do Sul, estabeleceram-se batistas e
presbiterianos.
A Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia (1776),
primeira declaração moderna de direitos humanos, foi promulgada pelos
descendentes dos puritanos ingleses fixados na Nova Inglaterra em 1620, e, bem
por isso, veio a ser influenciada pela tríade bíblica formada pelas noções de
criação, aliança e lei, como ensinam ROCELLA e SCARAFFIA14. Assim também, a
Declaração de Independência dos Estados Unidos (1781) tem a marca do
protestantismo.
Todos os presidentes americanos até hoje foram protestantes,
à exceção de John Fitzgerald Kennedy (1961-1963), descendente de irlandeses
católicos.
As igrejas americanas podem ser classificadas sumariamente
em tradicionais; pentecostais (Igreja de Deus em Cristo, Assembleia de Deus,
Igreja Pentecostal Unida15); carismáticas (igrejas tradicionais renovadas) e da
Terceira Onda (Comunidade Cristã Vineyard).
Movimento Holiness.
Como referido acima, o Movimento Holiness foi uma tendência
carismática de matiz wesleyana, surgida no Séc. XIX entre igrejas protestantes.
A palavra holiness, do inglês, significa “santidade”. Sua ênfase era a
“santificação completa”, uma “segunda bênção” verificada depois da santificação
inicial ou conversão.
No Brasil, a Igreja Holiness, dedicada principalmente à
comunidade japonesa - mas não só! - é fruto desse movimento.
Movimento Pentecostal.
O Movimento Pentecostal tem seu marco histórico em 1906,
quando, no prédio nº 312 da Rua Azusa, o Espírito Santo foi derramado, com a
evidência do falar em línguas (glossolalia). William J. Seymour (1870-1922), um
pastor negro e pobre, é considerado o fundador desse movimento.
Nascia ali o Pentecostalismo Clássico ou Histórico, mas
antes daquele dia Charles Fox Parham (1873-1929) já pregava que o batismo com o
Espírito Santo era evidenciado por línguas.
É importante observar que um elemento distintivo do
Movimento Pentecostal é a glossolália como sinal distintivo do revestimento de
poder.
O Pentecostalismo nasceu com uma ênfase evangelística e
missionária, além da pregação de santidade e esperança na volta iminente de
Cristo. Em matéria de Soteriologia, os pentecostais são geralmente arminianos,
e, em sede de Escatologia, tendem a ser pré-milenistas dispensacionalistas.
Conceito de “evangélico”.
Antes de tratarmos da classificação das igrejas evangélicas
brasileiras, vamos pensar um pouco sobre o conceito de “evangélico”.
De modo geral, diz-se que são evangélicos, no Brasil, todos
os cristãos não católicos, sem distinção, o que inclui uma quantidade enorme e
diversificada de tendências protestantes. Esse é o sentido popular do termo.
A designação de “evangélico” (do inglês evangelical) pode se
referir também ao Evangelicalismo, movimento antigo, internacional e não
denominacional baseado nos elementos essenciais da Fé Cristã, destacando a
necessidade de salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo, a
infalibilidade das Escrituras e uma atitude mais proativa do cristão.
De acordo com DAVID BEBBINGTON16, os quatro pilares do
Evangelicalismo são conversionismo, biblicismo, crucicentrismo e ativismo (no
bom sentido).
Surgiram alas evangélicas em igrejas protestantes, como a
Anglicana e a Luterana.
O evangelicalismo britânico, de que David Martyn Lloyd-Jones
(1899-1981) veio a ser um dos principais representantes no Séc. XX, foi uma
tendência contestatora do formalismo da Igreja Anglicana. Por causa disso,
houve uma controvérsia, em 1966, entre dois gigantes da teologia do Séc. XX,
ninguém menos que Lloyd-Jones e John R. W. Stott (1921-2011), porque este,
embora da ala evangélica da Igreja Anglicana, discordava da proposta daquele no
sentido de que os líderes evangélicos deixassem suas denominações para se
reunirem conforme sua fé.
O evangelicalismo americano (neo-evangelicalismo), surgido
em meados dos anos 1940, é uma tentativa de interagir com acadêmicos e com a
sociedade em geral de modo persuasivo e racional, sem os extremismos
fundamentalistas, sendo que o fundamentalismo nascera (por volta de 1915) com o
objetivo nobre de se opor ao racionalismo do Liberalismo Teológico, mas, nessa
tarefa, tendeu ao isolamento. Um expoente do neo-evangelicalismo foi Francis
Schaeffer (1912-1984).
No Brasil o termo “evangelical” restringe-se às alas mais
evangélicas de Igrejas protestantes, como a Luterana. O que se popularizou
mesmo foi o emprego do termo “evangélico”.
Como ensina AUGUSTUS NICODEMUS LOPES, há muita confusão
quanto ao termo “evangélico” hoje no Brasil, e por causa disso um evangélico,
ao se identificar como tal, precisa explicar que tipo de evangélico ele é. O
teólogo presbiteriano ensina que o termo “protestantes” é o preferido dos
liberais, ao passo que o termo “reformados” passou a designar especialmente os
calvinistas, embora luteranos, episcopais e anglicanos também sejam reformados.
Mas “evangélicos” abrange, popularmente, luteranos, episcopais, anglicanos, batistas,
presbiterianos, metodistas, congregacionais, pentecostais e neopentecostais.
Apesar da limitação do uso do termo “evangélico” nesse
contexto, tem-se por uso consagrado para distinguir a parcela cristã não
católica da população.
Classificação das igrejas evangélicas brasileiras.
Um das formas de classificar as igrejas evangélicas
brasileiras é dividi-las em históricas, pentecostais históricas e
neopentecostais. Diante das mudanças na conformação da Igreja brasileira, da
diversidade do neopentecostalismo, bem como da distância cada vez maior entre
Neopentecostalismo e Pentecostalismo Histórico, tal classificação parece
desatualizada, mas é a que mencionaremos, seja porque muito difundida, seja
porque servirá como ponto de partida.
Igrejas históricas são as denominações plantadas no Brasil
por missionários estrangeiros e vinculadas a uma herança multissecular. São
elas: Luterana, Episcopal, Anglicana, Presbiteriana, Batista, Congregacional,
Metodista. Tais igrejas são as que os assembleianos comumente chamam de
“tradicionais”.
Igrejas pentecostais históricas são principalmente a
Congregação Cristã no Brasil (1910) e a Assembleia de Deus (1911), oriundas do
Movimento Pentecostal (1906). São as igrejas da “Primeira Onda do
Pentecostalismo”.
A partir de 1950, surgem as Igrejas da “Segunda Onda do
Pentecostalismo”: O Brasil para Cristo, Quadrangular, Cristo Vive, Casa da
Bênção, Nova Vida, entre outras.
As igrejas neopentecostais ou da “Terceira Onda” são igrejas
criadas no Brasil ou nele estabelecidas a partir de meados da década de 1970
(Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça de Deus, Mundial do Poder
de Deus, Apostólica Renascer em Cristo, Sara Nossa Terra, Ministério
Internacional da Restauração, Nacional do Senhor Jesus Cristo, Plenitude do
Trono de Deus, entre outras).
Ao lado das pentecostais e neopentecostais, há, ainda, as
igrejas renovadas, como a Batista Nacional e a Presbiteriana Renovada.
Neopentecostalismo.
O termo “neopentecostalismo”, bastante difundido, designa um
contingente muito diverso de igrejas evangélicas brasileiras, e por isso tal
designação é certamente imprópria. Demais disto, o prefixo “neo” indica
renovação, mas as igrejas neopentecostais não são exatamente uma renovação do
Pentecostalismo Histórico. Todavia, por se tratar de uma expressão corrente,
será adotada aqui.
De maneira bem ampla, podem-se anotar os seguintes aspectos
ou doutrinas em igrejas neopentecostais: Teologia da Prosperidade ou Confissão
Positiva; maldição hereditária; igreja em células (G12 ou M12); Movimento
Judaizante; regressão espiritual; (suposta) restauração do ministério
apostólico; cobertura espiritual; autoajuda; Igreja Emergente; Adoração
Extravagante; ênfase em curas e milagres; personalismo; constantes inovações;
marketing agressivo; busca de poder financeiro, político, midiático e social; interpretação
livre das Escrituras; utilitarismo e pragmatismo; pregação alegórica,
emocional, subjetivista e antropocêntrica.
Infelizmente, os pentecostais, que muitas vezes se assombram
com a possibilidade de aprender com as igrejas históricas, têm se inclinado
frequentemente à nefasta influência neopentecostal.
CONCLUSÃO.
À guisa de conclusão, pode-se afirmar que não conhecer a
História é abrir espaço para cometer erros do passado.
Lembremos que, depois de um período de convivência
harmoniosa entre hebreus e egípcios, surgiu um Faraó “que não conhecera a
José”, ou seja, que não tivera contato com a história daquele patriarca, e o
resultado foi a escravização do povo, o que durou mais de 400 anos.
O apóstolo Paulo, referindo-se às injúrias sofridas por
Cristo, disse que “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi
escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras,
tenhamos esperança” (Rm 15.4). E, em alusão explícita a castigos decorrentes
dos pecados de Israel, Paulo escreveu : “Estas coisas lhes sobrevieram como
exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os
fins dos séculos têm chegado” (I Co 10.11).
A Bíblia é o Livro da História da Salvação, e nele há
diversos Livros Históricos. Se Deus entendeu que Sua Revelação deveria ser
exposta, não apenas na forma de doutrinas, mas também por meio de histórias,
isto deve nos dizer alguma coisa.
A História da Igreja, iniciada em Atos dos Apóstolos, está
sendo escrita neste momento. Que registros cada um de nós tem deixado ?
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