OS OFÍCIOS DE CRISTO
Na época do Antigo Testamento havia três classes de
mediadores entre Deus e seu povo: o profeta, o sacerdote, e o rei.
Como perfeito Mediador (1 Tim. 2:5), Cristo reúne em si mesmo os
três ofícios. Jesus é o Cristo-Profeta que ilumina as nações;
o Cristo-Sacerdote que se ofereceu como sacrifício pelas nações; o
Cristo-Rei que reinará sobre as nações.
1. Profeta.
O profeta do Antigo Testamento era o representante ou agente
de Deus na terra, que revelava sua vontade com relação ao
presente e ao futuro.
O testemunho dos profetas dizia que o
Messias seria um profeta para iluminar Israel e as nações (Isa.
42:1; vide Rom. 15:8). Os Evangelhos também apresentam Jesus
da mesma forma, como profeta. (Mar. 6:15; João 4:19; 6:14; 9:17;
Mar. 6:4; 1:27.)
(a) Como profeta Jesus pregou a salvação.
Os profetas
de Israel exerciam seu ministério mais importante em tempos de
crises, quando os governadores e demais estadistas e
sacerdotes estavam confusos e impotentes para atuar. Era essa a
hora em que o profeta entrava em ação e, com autoridade divina,
mostrava o caminho para sair das dificuldades, dizendo: "Este é o
caminho, andai nele." O Senhor Jesus apareceu em um tempo quando a nação judaica se encontrava em um estado de
inquietação causado pelo anelo de libertação nacional.
A pregação
de Cristo obrigou a nação a escolher, quanto à espécie de
libertação — ou guerra com Roma ou paz com Deus.
Eles
escolheram mal e sofreram a desastrosa conseqüência, a
destruição nacional. (Luc. 19:41-44; vide Mat. 26:52.) Tal qual
seus desobedientes e rebeldes antepassados que certa
vez tentaram em vão forçar seu caminho para Canaã (Num. 14:40-
45), assim também os judeus, em 68 A. D., tentaram pela
força conquistar sua libertação de Roma. Sua rebelião foi apagada
com sangue; Jerusalém e o Templo foram destruídos, e o judeu
errante começou sua dolorosa viagem através dos séculos.
O
Senhor Jesus mostrou o caminho de escape do poder e da culpa
do pecado, não somente à nação, mas também ao indivíduo.
Aqueles que vieram com a pergunta : Que farei para ser salvo ?,
receberam instruções precisas, e essas sempre incluíam uma
ordem de segui-lo.
Ele não somente mostrou, mas também abriu o
caminho da salvação por sua morte na cruz.
(b) Como profeta Jesus anunciou o reino.
Todos os profetas
falaram de um tempo quando toda a humanidade estaria sob o
domínio da lei de Deus — uma condição descrita como "o reino de
Deus". Esse era um dos temas principais da pregação de nosso
Senhor: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus (ou de
Deus)" (Mat. 4:17). E ele ampliou esse tema descrevendo a
natureza do reino, o estado e a qualidade de seus membros, as
condições de ingresso nele, a sua história espiritual apos a sua
ascensão (Mat. 13), e a maneira de seu estabelecimento na terra.
(c) Como profeta Jesus predisse o futuro.
A profecia baseia-se no princípio de que a história não prossegue
descontroladamente, porém é controlada por Deus, que conhece o
fim desde o princípio.
Ele revelou o curso da história a
seus profetas, capacitando-os, dessa maneira, a predizerem o
futuro. Como Profeta, Cristo previu o triunfo de sua causa e de
seu reino mediante as mudanças da história humana. (Mat.
cap. 24 e 25.)
O Cristo glorificado continua o seu ministério
profético por meio de seu corpo, a igreja, à qual prometeu
inspiração (João 14:26; 16:13), e concedeu o dom de profecia (1 Cor. 12:10). Isso não significa que os cristãos devam acrescentar
algo às Escrituras, que são urna revelação "de uma vez para
sempre" (Jud. 3); mas, pela inspiração do Espírito, trarão
mensagens de edificação, exortação e consolação (1 Cor. 14:3),
baseadas na Palavra.
2. Sacerdote.
Sacerdote, no sentido bíblico, é uma pessoa divinamente
consagrada para representar o homem diante de Deus e para
oferecer sacrifícios que assegurarão o favor divino. "Porque todo o
sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios;
pelo qual era necessário que este também tivesse alguma coisa que
oferecer" (Heb. 8:3).
No Calvário, Cristo, o Sacerdote, ofereceu-se a
si mesmo em sacrifício, para assegurar o perdão do homem e sua
aceitação diante de Deus. Sua vida anterior a este
acontecimento foi uma preparação para sua obra sacerdotal.
O
Filho Eterno participou de nossa natureza (Heb. 2:14-16) e de
nossas experiências, porque de outra maneira não podia
representar o homem diante de Deus nem oferecer sacrifícios. Não
podia socorrer a humanidade tentada sem saber por experiência o
que era a tentação. Um sacerdote, portanto, devia ser de natureza
humana. Um anjo, por exemplo, não podia ser sacerdote dos
homens. Vide o capítulo 16 de Levítico e os capítulos 8 a 10 de
Hebreus.
O sumo sacerdote de Israel era consagrado para
representar o homem diante de Deus e para oferecer sacrifícios que
assegurariam o perdão e a aceitação de Israel. Uma vez por ano, o
sumo sacerdote fazia expiação por Israel; em um sentido típico, ele
era o salvador deles, aquele que aparecia ante a presença de Deus
para obter o perdão.
As vitimas dos sacrifícios daquele dia eram
imoladas no pátio exterior; da mesma maneira Cristo foi
crucificado aqui na terra.
Depois o sangue era levado ao lugar
santíssimo e aspergido na presença de Deus; da mesma maneira.
Jesus ascendeu ao céu "para apresentar-se em nosso lugar na
presença de Deus".
A aceitação por Deus, de seu sangue, nos dá a
certeza da aceitação de todos os que confiam no seu sacrifício.
Apesar de Cristo haver oferecido um sacrifício perfeito uma vez
por todas, sua obra sacerdotal ainda continua. Ele vive sempre
para aplicar os méritos e o poder de sua obra expiatória
perante Deus, a favor dos pecadores.
O mesmo que morreu pelos
homens agora vive para eles, para salvá-los e para interceder por eles. E quando oramos: "Em nome de Jesus", estamos pleiteando a
obra expiatória de Cristo como a base da nossa aceitação,
porque somente por ela temos a certeza de sermos "aceitos no
Amado" (Efés. 1:6}
3. Rei.
PROFETIZADO (II Samuel 7.12 – 16) - "Quando teus dias se
cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o
teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do
seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir,
castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens. Mas
a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem
tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para
sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre."
CUMPRIDO (Lucas 1.30–33) - "Maria, não temas; porque achaste
graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem
chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para
sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.".
ESTABELECIDO - Daniel 2.44;Apocalipse 11.15; 12.10; 19.16; 20.
1-4; Salmos 2. 4-9;
O Cristo-Sacerdote é também o Cristo-Rei. O plano de Deus
para o Governante perfeito foi o de que ambos os ofícios
fossem investidos na mesma pessoa. Por isso, Melquisedeque, por
ser tanto rei de Salém como sacerdote do Deus Altíssimo, veio a
ser um tipo do Rei perfeito de Deus, o Messias (Gên. 14:18,19;
Heb. 7:1-3).
Houve um período na história do povo hebreu
quando esse ideal quase se realizou. Mais ou menos um século e
meio antes do nascimento de Cristo, o pais foi governado por
uma sucessão de sumo-sacerdotes que também eram governantes
civis; o governante do pais era tanto sacerdote como rei. Também,
durante a Idade Média, o Papa reivindicou e tentou exercer um
poder, tanto espiritual como temporal sobre a Europa. Ele
pretendia governar como representante de Cristo, segundo
afirmava, tanto sobre a igreja como sobre as nações.
O Dr. H. B.
Swete, escreveu: "As duas experiências, a judaica e a cristã,
fracassaram; e até onde se pode julgar por esses exemplos, nem os
interesses temporais nem os espirituais dos homens serão
promovidos quando confiados ao mesmo representante. A dupla
tarefa é grande demais para ser desempenhada por um só
homem."
Mas os escritores inspirados falaram da vinda de Um que
era digno de exercer o duplo cargo. Esse era o Messias esperado,
um Governante e Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque
(Sal. 110:1-4), e um "sacerdote no seu trono" (Zac. 6:13). Tal é o
Cristo glorificado. (Vide Sal. 110:1 e Heb. 10:13.)
De acordo com as
profecias do Antigo Testamento, o Messias seria um grande Rei da
casa de Davi que governaria Israel e as nações, por meio do seu
reino áureo de justiça, paz e prosperidade (Isa. 11:1-9; Salmo 72).
Jesus afirmou ser ele esse Rei. Na presença de Pilatos
ele testificou que nasceu para ser Rei; explicou que o seu reino
não era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado por
força humana, nem seria governado de acordo com os ideais
humanos (João 18:36). Antes de sua morte, Jesus predisse sua
vinda com poder e majestade para julgar as nações (Mat. 25:31). Mesmo pendurado na cruz ele parecia Rei e como Rei falava, de
modo que o ladrão moribundo percebeu esse fato e exclamou:
"Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino" (Luc.
23:42). Compreendeu que a morte introduziria Jesus no seu reino
celestial.
Depois de sua ressurreição, Jesus declarou: "é-me dado
todo o poder no céu e na terra" (Mat. 28:18).
Depois de sua
ascensão foi coroado e entronizado com o Pai. (Apoc. 3:21; vide
Efés. 1:20-22.)
Isso significa que, diante de Deus, Jesus é Rei; ele
não é somente Cabeça da Igreja, mas também Senhor de todo o
mundo e Mestre dos homens. A terra é dele e tudo o que nela há.
Somente dele são o poder e a glória desses resplandecentes reinos
que Satanás, o tentador, há muito tempo, mostrou-lhe do cume
da montanha.
Ele é Cristo o Rei, Senhor do mundo, Possuidor de
suas riquezas, e Mestre dos homens.
Do ponto de vista divino, tudo isso é fato consumado; mas
nem todos os homens reconhecem o governo de Cristo. Apesar de
Cristo ter sido ungido Rei de Israel (Atos 2:30), "os seus" (João
1:11) recusaram-lhe a soberania (João 19:15) e as nações seguem
seu próprio caminho sem tomarem conhecimento de seu governo.
Essa situação foi prevista e predita por Cristo na parábola
das minas (Luc. 19:12-25).
Naqueles dias, quando um governante
nacional herdava um reino, o costume determinava que ele
primeiramente fosse a Roma a fim de recebê-lo do imperador.
Depois disto estava livre para regressar e assumir o governo. Assim
Cristo compara a si mesmo a um certo nobre que foi a um pais
longínquo a receber para si um reino e depois regressou. Jesus
veio do céu à terra, ganhou exaltação e soberania por sua morte
expiatória pelos homens, e depois ascendeu ao trono do Pai para
receber a coroa e o seu governo. "Mas os seus concidadãos
aborreciam-se, mandaram após ele embaixadores, dizendo: não
queremos que este reine sobre nos."
Israel, igualmente, rejeitou a Jesus como Rei. Sabendo que
estaria ausente por algum tempo, o nobre da parábola confiou a
seus servos certas tarefas; da mesma maneira, Cristo, prevendo
que haveria de transcorrer um período de tempo entre seu primeiro
e segundo adventos, repartiu a seus servos a tarefa de proclamar o
seu reino e ganhar membros para ele, batizando-os em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Finalmente, o nobre, tendo
recebido o reino, regressou à sua terra, recompensou a seus
servos, afirmou a sua soberania e puniu os inimigos. Da mesma forma, Cristo regressará ao mundo e recompensará a seus servos,
afirmará a sua soberania sobre o mundo e punirá os ímpios.
Esse
é o tema central do livro de Apocalipse. (Apoc. 11:15; 12:10;19:16.)
Nessa ocasião, sentar-se-á ele sobre o trono de Davi, e
ali continuará o Reino do Filho de Davi, um período de mil anos
quando a terra toda desfrutará de um reino áureo de paz e
abundância.
Toda esfera de atividade humana estará sob o
domínio de Cristo; a impiedade será suprimida com vara de ferro;
Satanás será preso, e a terra ficará cheia do conhecimento e da
gloria de Deus, "como as águas cobrem o mar".
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